Você está em:

Brasil atingiu recorde de mais de 33 milhões de pessoas recebendo no máximo 1 salário mínimo

Renda média do brasileiro atingiu uma mínima histórica, a remuneração mensal não chega a R$ 1.100
Picture of Amanda Omura

Amanda Omura

Cesar ganha no máximo R$ 600 por mês limpando cascos de embarcações. Cleide tirou menos de R$ 400 com "bicos" de cabeleireira nos últimos meses. Já Hélio, dependendo do dia, mal consegue juntar R$ 20 com os trocados que recebe fazendo malabares com fogo em semáforos da capital paulista.

A renda média do brasileiro atingiu uma mínima histórica e, para uma grande parcela de trabalhadores, sobretudo os informais e subocupados, a remuneração mensal não chega sequer ao valor do salário mínimo, que até o final de 2021 estava em R$ 1.100 e subiu em 2022 para R$ 1.212.

Os brasileiros com uma renda mensal de no máximo 1 salário mínimo passaram a representar desde o ano passado a maior fatia da população ocupada na divisão por faixas de renda. Os mais atingidos pela baixa remuneração costumam ser os trabalhadores com baixa escolaridade e que trabalham na informalidade, fazendo os chamados "bicos" ou "corres".

Segundo levantamento da LCA Consultores, com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral do IBGE, o país encerrou 2021 com um total de 33,8 milhões de trabalhadores (36% do total de ocupados) com renda mensal de até 1 salário mínimo, o maior contingente já registrado na série histórica iniciada em 2012. Em 1 ano, o salto foi de 12,2%, ou 4,4 milhões de pessoas a mais.
Os números da PNAD não permitem identificar quantos trabalhadores recebem menos que o piso mínimo nacional, mas revelam que 21,9 milhões tiveram renda entre 1/2 e 1 salário mínimo no trimestre encerrado em dezembro. Outros 9,6 milhões receberam até 1/2 salário mínimo e 2,2 milhões (grupo formado basicamente pela categoria trabalhador familiar auxiliar) não receberam nada.
"É a necessidade de composição de renda. Como o mercado de trabalho formal não conseguia absorver todas as pessoas, muitas delas acabaram ingressando em ocupações informais, recebendo menos do que recebiam antes da pandemia", afirma Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, autor do levantamento.

'Tem que ficar correndo atrás de dinheiro'
César Augusto Pires Xavier tem 48 anos e um sonho: conseguir novamente um emprego com carteira assinada. Desde que foi dispensado da loja em que trabalhava quando ela faliu, há 3 anos, ele vive de bicos esporádicos que lhe garantem, no máximo, R$ 600 no mês.

Isso não quer dizer que ele trabalhe pouco. César rala de domingo a domingo fazendo serviços pesados para empresas náuticas de São Sebastião, no litoral de São Paulo. Ele raspa sujeira incrustada nos cascos, carrega embarcações pesadas e faz trabalhos com fibra.

Para garantir alguma renda, ele percorre de bicicleta, sob sol e chuva, o caminho entre sua casa alugada e os galpões de barcos ao longo da cidade. Ele mora com a mãe pensionista e a irmã desempregada.
“Minha mãe tem 86 anos e minha irmã está desempregada. Tudo que eu faço é por elas. Eu me desloco muitos quilômetros de bicicleta para trabalhar sábados e domingos e poder ter um dinheiro pra tentar manter a casa, mas é difícil”, desabafa.

Posts Relacionados

Isenção de IR: Lula diz que falta ajuste sobre compensação para enviar ao Congresso

Isenção de IR: Lula diz que falta ajuste sobre compensação para enviar ao Congresso

Governo anunciou proposta com a ideia de taxar ricos para compensar a perda de arrecadação

Governo arrecada R$ 5,4 bi a mais com taxação de cigarros em 2024; tributo subiu em agosto

Governo arrecada R$ 5,4 bi a mais com taxação de cigarros em 2024; tributo subiu em agosto

Imposto estava congelado desde 2016. Governo avalia que elevação ajuda a combater 'epidemia'

Polêmica do PIX: 47 milhões de trabalhadores estão na informalidade ou devendo impostos

Polêmica do PIX: 47 milhões de trabalhadores estão na informalidade ou devendo impostos

A dependência do Brasil é maior, já que os EUA são os maiores importadores do mundo

PIX bate recorde em 2024, movimenta R$ 26,4 trilhões e terá novidades

PIX bate recorde em 2024, movimenta R$ 26,4 trilhões e terá novidades

Número de transações também bateu recorde no ano passado: foram 63,5 bilhões de operações

Formação de professores: governo pagará bolsa de  R$ 1.050 e mais valor extra

Formação de professores: governo pagará bolsa de R$ 1.050 e mais valor extra

Bolsa para universitários integra versão do Pé-de-meia licenciaturas, para estudantes da graduação

Inflação x vida real: por que os preços do dia a dia podem subir muito mais do que o IPCA

Inflação x vida real: por que os preços do dia a dia podem subir muito mais do que o IPCA

Inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, puxada por alimentação, educação e saúde

Alistamento militar feminino, novo salário mínimo, regras para bets e mais: o que muda em 2025

Alistamento militar feminino, novo salário mínimo, regras para bets e mais: o que muda em 2025

2,24 milhões de empregos formais foram criados no país entre janeiro e novembro deste ano

PIB da indústria de transformação deve crescer 3,5% em 2024, maior alta em três anos

PIB da indústria de transformação deve crescer 3,5% em 2024, maior alta em três anos

CNI espera uma desaceleração no ritmo de crescimento do PIB da indústria de transformação

pt_BRPortuguese