O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre do ano foi positivo. Os dados do PIB, divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE, mostram que a atividade econômica cresceu 1% nos três primeiros meses do ano, mas essa melhora não foi sentida por grande parte da população – que ainda sente apertar no bolso a alta de alimentos e combustíveis e a falta de reajuste nos salários.
Em uma pesquisa feita no centro de comércio popular na região de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, para ouvir, dos trabalhadores, se esse crescimento trouxe algum alívio às finanças. A maioria dos entrevistados reclamou da subida constante dos preços no mercado e disse que a busca por emprego continua difícil.
Quem trabalha com comércio viu uma pequena melhora com a retomada, mas ainda sofre com uma clientela pequena. Os lucros do pequeno comerciante de rua sumiram, agora eles vendem o suficiente para cobrir os prejuízos.
Leia, abaixo, o que eles contaram:
Jaci Vieira Souza, dona de casa
Jaci é dona de casa. Em uma casa de cinco, apenas três conseguiram trabalho e têm renda. Para chegar ao fim do mês, ela precisou se endividar no cartão de crédito.
"O custo de vida continua muito alto. Por mais que a gente pesquise, está muito difícil, o dinheiro não dá para comprar o que a gente quer. A gente coloca em primeiro lugar as necessidades básicas, e o cartão de crédito vai ficando para trás, a gente vai colocando no parcelamento, muito embora isso dificulte a nossa vida. Até a situação melhorar, a gente vai ter que ir se adaptando. É o Brasil."
Eduardo Alexandre Souza, porteiro
Eduardo tem 46 anos e conseguiu um trabalho como porteiro no começo do ano, após passar um ano desempregado. Mesmo com o emprego, pagar todas as contas e os remédios da filha é uma tarefa impossível.
"Mesmo trabalhando, fica difícil com o salário que a gente ganha. Estou tentando arrumar outro serviço, mas está difícil também", diz. "Tá cada vez pior. Você vai no mercado, é um preço. Vai no outro, é outro preço de novo. A gente fica perdido, tem que escolher uma coisa ou outra. Se a gente não escolher, morre de fome. Eu tenho uma filha especial. A gente gasta R$ 600 de remédio. Fora a fralda, que é R$ 1.200. Aí, não dá."
Jonathan Fernandes, entregador de panfleto
Jonathan tem 27 anos e banca sozinho a casa em que mora com o companheiro. Ele está há oito meses entregando currículo por toda a cidade, mas não consegue ser chamado para entrevistas. Por enquanto, sobrevive com um bico como entregador de panfletos na porta do metrô.
"Na área do mercado subiu bastante, o feijão e o arroz estão um absurdo, mas principalmente o óleo. A gente não sabe se se mantém com alimento ou se se preocupa com a saúde, está muito difícil mesmo. Até o emprego tá difícil, a gente não sabe o que fazer."