As universidades federais estão calculando os efeitos do bloqueio de quase R$ 330 milhões que deixarão de receber para pagar contas.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro anunciou que 65 mil estudantes podem ficar sem aula.
“A universidade pode fechar as portas esses últimos meses por impossibilidade de pagar as contas. Não temos como mandar nossos estudantes, nossos professores e nossos técnicos virem para o trabalho sem segurança, sem luz água e sem água”, diz o pró-reitor Eduardo Raupp.
A federal de São Carlos, no interior de São Paulo, vai ter um bloqueio de R$ 2 milhões nas despesas de custeio. Situação semelhante na Universidade Federal de Santa Catarina.
“Já estamos negociando com os fornecedores vários contratos, transferindo para o próximo ano. Então, mais esse contingenciamento praticamente inviabiliza, não há como permanecer”, afirma o reitor Irineu Manoel de Souza.
A reitoria da UFMG, uma das maiores universidades do país, afirma que vai faltar dinheiro para pagar contas de luz e de água, e que cerca de 10 mil estudantes da graduação correm o risco de perder bolsas de estudos.
“Não tenho como dizer para essas pessoas que eu só vou realizar os pagamentos em dezembro. Isso é inviável do ponto de vista de uma gestão responsável que nós precisamos fazer e para nossa comunidade, que precisa fazer as ações de ensino, pesquisa e extensão”, ressalta a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida.
A Andifes, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, afirma que são R$ 328,5 milhões a menos para as despesas em 68 universidades federais. A associação afirmou ainda que, ao longo do ano, o orçamento já foi reduzido em mais de R$ 763 milhões.
“Quando isso acontece já no final do ano, quando a gente está no final da execução orçamentária, um ano de plenas dificuldades para as universidades, isso causa um caos. Muitas universidades que já não tinham dinheiro agora ficaram sem nada. Algumas que tinham alguns recursos para cumprir alguns compromissos acabaram se vendo em situações terríveis”, afirma o presidente da Andifes, Ricardo Marcelo Fonseca.
Esse último corte é parte do bloqueio de R$ 2,6 bilhões anunciados pelo governo em setembro para cumprir o teto de gastos, que limita as despesas públicas. O MEC negou que seja um corte ou redução definitiva. Disse que os valores estão limitados até dezembro.
Estudantes fizeram manifestações em Belo Horizonte, Brasília e Salvador. No Rio, o aluno de Arquitetura da UFRJ Denner Rodrigo está apreensivo.
“ Eu dependo muito da bolsa da faculdade porque o meu sustento vem total dela. Esse corte me preocupa e muito", afirma ele.