O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) quer aprovar requerimento esta semana na Comissão de Relações Exteriores do Senado para convocar o chanceler, Carlos França, para explicar por que os brasileiros que viviam na Ucrânia não foram orientados a deixar o país antes da guerra.
Também será apresentado um requerimento para ouvir o embaixador brasileiro na Ucrânia, Norton Rapesta, assim que possível o retorno dele.
Isso porque, no dia 13 de fevereiro, Rapesta disse em entrevista que “não havia nenhum motivo para se alarmar ou sair fugido daqui”.
Naquele mesmo período, vários países já aconselhavam os seus cidadãos a deixarem a região da Ucrânia, entre eles: Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Canadá, Japão, Bélgica, Estônia, Lituânia, Austrália, Itália, Israel e a própria Rússia.
“O mais grave disso tudo é que os brasileiros foram incentivados a ficar quando tudo já indicava que haveria uma invasão da Ucrânia. Os brasileiros poderiam ter deixado em segurança a região dez dias antes da guerra começar sem ter que passar por momentos dramáticos”, disse Randolfe Rodrigues.
O senador também quer convidar brasileiros que tiveram que deixar a Ucrânia em situação de risco nas últimas semanas para relatar suas experiências. A ideia é levar ao plenário da CRE depoimentos que possam dar a dimensão do que viveram os cerca de 500 brasileiros que moravam no país antes da guerra.
No Itamaraty, há preocupação com a possibilidade do governo ser responsabilizado pela orientação dada aos brasileiros, enquanto dezenas de países recomendavam a retirada de seus compatriotas.
No Palácio do Planalto o temor é que isso possa afetar a imagem do próprio presidente Jair Bolsonaro.
Aliados já avaliam que foi um erro Bolsonaro ter minimizado o risco de uma invasão da Ucrânia. E de ter comprado cegamente o discurso russo de que estava retirando tropas da fronteira.
Bolsonaro embarcou para Moscou no dia 14 de fevereiro, um dia depois da entrevista em que o embaixador brasileiro na Ucrânia garantia que a situação no país era bastante tranquila e normal. E que existia um pouco de stress, especialmente devido ao noticiário da mídia internacional.
Diante disso, o Senado quer apurar porque o governo brasileiro passou um clima de normalidade, em sintonia com o discurso oficial de Moscou, colocando em risco a vida de centenas de brasileiros.