Os ecos da guerra, claro, estiveram presentes. As Paralimpíadas de Inverno de Pequim, no entanto, tentaram transformar o Ninho do Pássaro em uma bolha de ideais de paz. Na manhã desta sexta-feira, uma Cerimônia de Abertura repleta de efeitos luminosos deu início oficial aos Jogos. Sem a presença de atletas da Rússia e da Belarus, excluídos do evento, a festa buscou passar uma mensagem antiguerra em meio à invasão dos países à Ucrânia.
O primeiro momento marcante foi a entrada da delegação ucraniana. Após uma série de problemas antes do embarque, os atletas foram recebidos sob muitos aplausos no Ninho do Pássaro. Alguns deles, responderam com o braço erguido e o punho fechado, em um protesto contra a guerra. Maksym Yarovyi, do biatlo, levou a bandeira do país durante o percurso. Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, celebrou a entrada dos ucranianos de pé.
O dirigente brasileiro foi responsável pela mensagem mais dura contra a guerra. Em seu discurso de abertura, Parsons fez uma crítica incisiva contra a invasão russa à Ucrânia.
- Esta noite, eu quero e preciso começar com uma mensagem de paz. Como líder de uma organização em que a inclusão é um de seus principais valores, as diversidades são celebradas, e as diferenças, abraçadas, eu estou horrorizado com o que está acontecendo no mundo neste momento. O século XXI é um momento de diálogo e diplomacia. Não de guerra, não de ódio. A Trégua Olímpica durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos é uma resolução da Organização das Nações Unidas. E precisa ser observada e respeitada - disse o brasileiro, que finalizou o discurso com um grito de paz.
O Brasil também foi representado no desfile. Aline Rocha e Cristian Ribera, maior esperança de um bom resultado em Pequim, foram os porta-bandeiras do país na cerimônia. Os brasileiros entraram no Ninho do Pássaro logo após os ucranianos, também festejados por Andrew Parsons.
Foi uma cerimônia mais simples que a dos Jogos Olímpicos, mas sem deixar de lado a beleza dos efeitos de luz que tomaram o Ninho do Pássaro desde o primeiro minuto. Todos os participantes da festa, de dançarinos e cantores a outros personagens das apresentações, tinham algum tipo de deficiência.
As mensagens antiguerra não ficaram restritas à delegação ucraniana. Outros países, como a República Tcheca, fizeram sinais de paz durante o desfile no Ninho do Pássaro. Os anfitriões, claro, foram os mais numerosos. Os 96 atletas chineses participaram da cerimônia, muito aplaudidos pelo público.