O que você faz em cinco horas e vinte e quatro minutos? Dá para ir de carro de São Paulo ao Rio de Janeiro, de avião de Porto Alegre(RS) até Salvador (BA). Em tempos de redes sociais, é possível ver 1400 stories do Instagram ou videos que viralizam no tik tok. Na cozinha, é possível fazer 108 macarrões instantâneos ou, se você é fã de música, é o mesmo que ouvir Faroeste Caboclo 32 vezes. Já Ana Marcela Cunha usou esse período para dar mais de dez mil braçadas e conquistar o quinto título mundial da prova de 25km, em competição realizada nesta quinta-feira, em Budapeste, Hungria.
Ela terminou a prova exatamente com o tempo de 5h24min15s0 para levar o quinto título da carreira dela na prova, chegando na frente de alemã Lea Boy, com a prata, por apenas dois décimos(5h24m15s2), e da holandesa Sharon van Rouwendaal, com o bronze(5h24m15s3).
- Olha, eu nem sabia se eu ia nadar essa prova. Eu até o final tentei manter o máximo de técnica possível para não sentir dor. Tentei economizar energia. O querer faz muita diferença é o que eu já vivi. Poucas pessoas sabem o que é perder uma Olimpíada (não se classificou para as Olimpíadas de Londres 2012), não nadar bem em casa(foi 10ª na Rio 2016), e saber dar a volta por cima. Ao longo de 16 anos de carreira eu aprendi muita coisa, então eu soube ter sangue frio e esperar o momento certo - disse a campeã.
É a 15º medalha de Ana Marcela na carreira em Campeonatos Mundiais. Além dos cinco ouros nos 25km, são dois ouros e três bronzes nos 5km, uma prata e três bronzes nos 10km, e teve também uma medalha de prata por equipes. Em Budapeste, neste ano, ela já tinha sido campeã dos 5km e bronze nos 10km.
Durante toda a prova, que foi realizada com temperatura na casa dos 33ºC, Ana Marcela se manteve no primeiro pelotão. Numa prova tão longa, muitas vezes não é importante você estar em primeiro lugar, e sim no bolo das atletas na frente. Ficaram no primeiro pelotão o tempo inteiro a holandesa Sharon van Rouwendaal, as alemãs Elea Link e Lea Boy, a italiana Barbara Pozzobon.
Nos últimos 200 metros, Ana Marcela encabeçava a prova, mas com Lea Boy de um lado e Sharon de outro, pressionando. A brasileira conseguiu se manter na frente e, na batida de mão, por menos de um segundo garantiu o título em um final espetacular.