A sombra do filho Hunter macula as ambições do presidente Joe Biden à reeleição e funciona como uma poderosa arma política para seus adversários republicanos.
O nome Hunter torna o presidente vulnerável e será tão explorado politicamente na campanha eleitoral para a Casa Branca quanto as 91 acusações criminais em quatro julgamentos que pesam sobre o ex-presidente Donald Trump, até agora o maior concorrente de Biden à Casa Branca.
O presidente sofreu dois golpes esta semana relacionados ao filho, mas ainda são considerados incipientes pelos republicanos. Na terça-feira, o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, anunciou a disposição de iniciar um impeachment contra Biden para vinculá-lo ao filho em negócios obscuros na Ucrânia e na China.
Dois dias depois, um grande júri de Delaware tornou Hunter Biden réu, acusado de porte ilegal de arma de fogo como usuário de drogas. Ele teria mentido ao preencher um formulário na compra de um revólver, numa época em que, segundo admitiu, mais tarde, era viciado em drogas. Se for condenado em três acusações, sentenças podem chegar a 25 anos de prisão e multas no valor de US$ 750 mil.
É pouco provável que o impeachment de Biden, no que seria o terceiro julgamento político em dois anos de um presidente dos EUA, vá adiante. Pressionado pela ala radical do partido, McCarthy argumentou que alegações de abuso de poder, obstrução e corrupção merecem uma investigação mais aprofundada da Câmara, mas não apresentou evidências. Se passar na casa, deverá ser bloqueado no Senado, onde os democratas contam com uma maioria apertada.
A batalha política no legislativo e nos tribunais, contudo, é indigesta e alimenta a disputa eleitoral. Segundo uma pesquisa da CNN, 61% dos americanos acreditam que Biden teve algum envolvimento nos negócios do filho enquanto era vice-presidente.
Hunter Biden, de 53 anos, nunca ocupou cargos no governo americano, mas os adversários do presidente alegam que ele obteve vantagens em empresas das quais era conselheiro.