Três misteriosas explosões atingiram, nos últimos dias, alvos na Transnístria, uma região separatista pró-russa da Moldávia, na fronteira sul da Ucrânia. Com apenas cinco mil quilômetros quadrados e 470 mil habitantes, tornou-se foco de atenção e pode ser sugada para a guerra que Putin promove há dois meses na Ucrânia.
A independência proclamada em 1992, após a desintegração da URSS, não é oficialmente reconhecida por ninguém, nem mesmo pela Rússia, mas a região atua como um estado separado.
Preserva símbolos soviéticos, como a foice e o martelo na bandeira, a estátua de Lênin na entrada do Parlamento, assim como nomes de comunistas proeminentes em suas ruas.
Essa faixa estreita de terra tem governo, parlamento, moeda e polícia próprios e é sustentada pela Rússia, que fornece gás gratuito à região e mantém ali 1.500 soldados – o equivalente a um terço de suas forças armadas.
Não fossem os laços estreitos com Moscou, a Transnístria já teria sido inteiramente absorvida pela Moldávia, que se opõe claramente aos separatistas. Os ataques na região atingiram uma estação de rádio, a sede do Ministério de Segurança e uma base militar, num indício de que a guerra restrita ao território ucraniano pode se espalhar.
Separatistas e autoridades ucranianas se acusam mutuamente pela responsabilidade das explosões. A Rússia já admitiu o plano de criar um corredor de Donbass à Crimeia, para depois tomar o sul da Ucrânia e garantir, assim, o acesso à Transnístria. Mas, para assegurar o controle total do Sul, as forças russas teriam que conquistar Mykolaiv e Odessa, que ainda estão fortemente sob o domínio ucraniano.
A distância de apenas 80 quilômetros separa Chisnau, a capital da Moldávia, da Transnístria evidencia os temores sobre a extensão do conflito. Os tão propalados ataques de “bandeira falsa” poderiam facilmente servir de justificativa para uma ação militar russa.