No domingo passado (30), a maioria do eleitorado paraguaio voltou a optar por um candidato à presidência do tradicional Partido Colorado, fundado no século 19, logo após a Guerra do Paraguai (1864-1870) e que está no poder, de forma quase ininterrupta, há quase 80 anos, desde 1946.
Mas por que a vitória de Santiago Peña é exceção entre as chamadas "ondas de esquerda" ou de "centro-esquerda" na América Latina? Analistas ouvidos pela BBC News Brasil disseram que o eleitor paraguaio possui o perfil predominantemente conservador.
"As mudanças são difíceis para o paraguaio", disse Esteban Caballero, professor da Flacso, falando de Assunção.
Na sua visão, o Paraguai é um país conservador. "Ao contrário do Chile, do Brasil, da Colômbia, de Honduras, não houve alternância e muito menos, digamos, uma guinada à esquerda. Em 2017, 2018, houve uma guinada (regional) à direita e agora dizem que existe uma guinada à esquerda. Mas não foi o caso do Paraguai. Não é o caso do Paraguai", disse.
Uma oposição "desunida", na opinião do sociólogo paraguaio José Carlos Rodríguez, acabou contribuindo para a nova vitória dos "Colorados", como são chamados os que integram o Partido Colorado.
"No Brasil, Lula reuniu vários setores, até adversários políticos, e assim venceu Bolsonaro. Aqui no Paraguai não foi assim. Se Paraguayo Cubas estivesse na Concertación (liderada por Efraín Alegre), a oposição teria vencido. Agora, o resultado de domingo, por mais que existam queixas, é inquestionável", disse Rodríguez.
Nos últimos anos, a Bolívia elegeu o presidente Luis Arce (2020), os chilenos elegeram o presidente Gabriel Boric (2021), os peruanos elegeram Pedro Castillo (que assumiu em 2021 e não concluiu o mandato) e a Colômbia elegeu Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda do país, no ano passado. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu vitorioso na eleição com o ex-presidente Jair Bolsonaro.