Todos os dias, às 8h15 da manhã em ponto, um relógio toca no alto de uma torre de aço no Parque Memorial da Paz de Hiroshima, no Japão. O som é um lembrete da hora exata em que caiu na cidade a "Little Boy", a primeira bomba atômica da história, lançada pelos Estados Unidos no dia 6 de agosto de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Hiroshima foi devastada pela bomba e estima-se que cerca de 40% de seus 350 mil habitantes morreram, muitos incinerados instantaneamente. Hoje, a cidade preserva diversos marcos de memória do bombardeio, como a emblemática cúpula do único edifício no entorno que resistiu à explosão nuclear.
Foi na frente dessas ruínas que ativistas antinucleares, pacifistas e sobreviventes da bomba atômica se reuniram para protestar contra a guerra na Ucrânia nos últimos dias.
Na noite de 8 de março, cerca de 100 manifestantes fizeram uma vigília, organizada pela ONG Aliança de Hiroshima para a Abolição das Armas Nucleares, acenderam 1,3 mil velas e as dispuseram no chão para compor as palavras "não à guerra", "não às armas nucleares", em inglês e em russo. "No war, no nukes, het boñhe", dizia no megafone um dos participantes.
Atos simbólicos
Dias antes, o memorial às margens do Rio Motoyasu também foi ponto de encontro para um pequeno protesto de europeus radicados no Japão, entre eles ucranianos e bielorrussos. Desde a invasão russa à Ucrânia, iniciada no dia 24 de fevereiro, manifestações contra a guerra vêm ocorrendo em cidades como Hiroshima e Nagasaki, além de metrópoles como Tóquio, Quioto e Nagoya. Não foram marchas gigantescas como as vistas na Europa e nos Estados Unidos, mas atos simbólicos.
Em Nagasaki, que foi o alvo da segunda bomba atômica norte-americana, cerca de 40 ativistas se reuniram no Parque da Paz e fizeram minutos de silêncio a partir das 11:02, a hora exata da explosão de 9 de agosto de 1945, que destruiu a cidade e provocou mais de 70 mil mortes.