O Ministério Público Federal (MPF) afirmou à Justiça Federal que as provas reunidas pela Polícia Federal indicam que os supostos crimes no Ministério da Educação foram praticados "com o respaldo do então chefe da pasta - Milton Ribeiro".
Ribeiro foi preso nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. Também foram presos os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura, suspeitos de usarem influência no MEC para negociar propina em troca de verbas da pasta.
Segundo a procuradora Carolina de Oliveira, do MPF, há indícios de que uma organização criminosa atuou no MEC.
"Com efeito, as provas colhidas e já documentadas apontam para a prática dos crimes de corrupção ativa, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa, todos em contexto de organização criminosa. Como bem apontado pela autoridade policial, os crimes ora investigados foram praticados no âmbito do Ministério da Educação, ao que tudo indica, com o respaldo do então chefe da pasta -- Milton Ribeiro", afirmou a procuradora.
Segundo Oliveira, a suposta organização criminosa se articulou para "utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios".
A procuradora citou ainda que "tratam-se de pessoas influentes, com vasto conhecimento no âmbito político, que podem vir a usar seus conhecimentos para atrapalhar as investigações".
Oliveira se manifestou contra a prisão dos investigados, mas a favor de medidas cautelares, como proibir os suspeitos de manterem contato entre si, não frequentarem o MEC e proibição de deixar o país.
Denúncias contra o ex-ministro
O inquérito foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos pastores.
Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse o ministro no áudio.