O grupo responsável pela pré-campanha de Jair Bolsonaro (PL) vê o encontro do presidente com o bilionário Elon Musk como oportunidade de virar a chave após semana vista por eles como desastrosa na busca da reeleição.
Bolsonaro tem afinidade ideológica com bilionário. Ambos são críticos a regulação e a qualquer tipo de moderação de conteúdo nas redes sociais.
Tanto é que bolsonaristas comemoraram quando Musk anunciou a compra do Twitter – transação ainda não concretizada – e indicou que pretende atenuar a moderação de conteúdo na rede.
Nesse sentido, Musk chegou a declarar na semana passada que reativaria na rede social a conta do ex-presidente norte-americano Donald Trump, inspiração de Bolsonaro. Trump foi banido permanentemente do Twitter por incitação à violência em decorrência da invasão ao Capitólio, estimulada por ele após ser derrotado nas urnas por Joe Biden.
O desastre visto pelo grupo político próximo ao presidente brasileiro foi a retomada de ataques ao STF – entre eles uma queixa-crime frustrada apresentada contra Alexandre de Moraes. Além de não ter êxito, Bolsonaro terminou a semana tendo que apertar, a contra gosto, a mão de Moraes.
Oficialmente, o encontro entre Musk e Bolsonaro é para discutir conectividade e proteção da Amazônia – o meio ambiente é outro dos pontos fracos de Bolsonaro para a disputa de outubro.
Amazônia
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que o empresário Elon Musk está no Brasil para conhecer a "verdade" sobre a Amazônia e que artistas e celebridades só mostram o "dark side" da floresta. A região tem apresentado desmatamentos recordes.
O que traz o bilionário ao país são interesses comerciais – e os encontros dele com empresários brasileiros são o ponto central da agenda dele no país, e não a reunião com o presidente Jair Bolsonaro.
Uma indicação clara dessa ordem de prioridades é onde e como o encontro ocorrerá: será num resort no interior de São Paulo e não no Palácio do Planalto.
Musk tem uma empresa de satélite, a Starlink, que tem muito interesse em vender conectividade de banda larga para a região Amazônica. A companhia obteve aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para explorar o serviço na região.