Voltar ao Início

Você está em:

Por que a desigualdade é um fator de risco para o Alzheimer

Ambiente físico e social no qual as pessoas estão inseridas pode aumentar a proteção ou ser ameaça para desenvolver demência
Amanda Omura

Amanda Omura

Adriana Perez é doutora em enfermagem e professora da University of Pennsylvania. Coordena um grupo multidisciplinar para pesquisar os fatores de risco para demência na comunidade latina nos EUA e tem números assustadores que, segundo ela, costumam deixar as plateias atônitas: “o número de latinos com diagnóstico de Alzheimer vai crescer 800% até 2060, e o ambiente físico e social no qual a pessoa está inserida pode aumentar o risco ou protegê-la da doença”.
Perez abriu a conferência “Addressing health disparities” (“Endereçando as disparidades na saúde”), promovida nos dias 21 e 22 pela Alzheimer´s Association. Afirmou que na Filadélfia, onde mora há sete anos, as comunidades de baixa renda dispõem de poucos recursos para se exercitar, um dos pilares para manter a saúde: “os bairros negros e latinos são os mais densamente povoados, os menos seguros e com menor número de espaços verdes e apropriados para caminhadas. Desigualdades sociais são determinantes para a atividade física”.
Em sua palestra, enfatizou que a exclusão e o racismo estrutural acompanham essas comunidades. “O acesso à saúde é limitado, assim como a oportunidade para participar de ensaios clínicos. Normalmente, é exigida proficiência em inglês e mesmo os latinos que falam bem a língua se sentem desconvidados. É como se o recado fosse: ‘não queremos vocês’. Temos que repensar os testes para medir habilidades cognitivas, que são padronizados e não levam em conta que muitos vieram de outros países e os sistemas educacionais são diferentes. Isso pode resultar numa pontuação baixa sem que o indivíduo sofra de algum tipo de demência”, detalhou.

Outra participante do evento, a epidemiologista Kristen M. George, do departamento de saúde pública da University of California, Davis, pesquisa como a desigualdade social eleva as chances de problemas cardiovasculares que, por sua vez, contribuem para o surgimento de demências. As estatísticas que apresentou mostram como a incidência da doença atinge os afrodescendentes: chega a 26.6% entre os idosos negros, enquanto não passa de 19.35% entre os brancos. Seu diagnóstico:

“O risco é muito mais alto para hipertensão e obesidade entre a população afrodescendente, que experimenta uma deterioração precoce da saúde pelo peso do racismo, pela marginalização econômica, pelo acúmulo de impactos sociais e políticos”.
George explicou que nenhuma comunidade deve ser estudada sem que se leve em conta seu acesso a saúde e educação de qualidade, estabilidade econômica, vizinhança e histórico de violência e trauma. E deu como exemplo o “Stroke belt”, ou “cinturão do derrame”, no sudeste norte-americano. Naquela região, com taxas mais altas de pobreza e baixo nível educacional, é onde ocorre o maior número de acidentes vasculares cerebrais. Estamos falando de latinos e negros norte-americanos, mas os assuntos abordados na conferência guardam inúmeras semelhanças com as mazelas brasileiras.

Posts Relacionados

Menopausa: qual a relação dos hormônios com a saúde mental da mulher?

Menopausa: qual a relação dos hormônios com a saúde mental da mulher?

Oscilações dos hormônios começam antes mesmo da primeira menstruação e continuam durante toda a vida, até o climatério

Entenda a tocofobia, que leva a exagero em pílulas do dia seguinte

Entenda a tocofobia, que leva a exagero em pílulas do dia seguinte

Segundo ginecologistas e psicólogos, é comum que mulheres que não queiram engravidar sintam algum medo

Cerveja gelada pode não ser a melhor opção para enfrentar a onda de calor

Cerveja gelada pode não ser a melhor opção para enfrentar a onda de calor

Médicos explicam como o consumo de álcool, especialmente em dias quentes, pode agravar quadros de desidratação

Quando o calor se torna perigoso à saúde e como se proteger

Quando o calor se torna perigoso à saúde e como se proteger

Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prolongou até sexta (17/11) alerta vermelho, nível mais alto, devido às altas temperaturas

Por que é tão difícil dormir quando as noites são tão quentes quanto os dias?

Por que é tão difícil dormir quando as noites são tão quentes quanto os dias?

Dá para dizer que a chave para esse quebra-cabeça do sono está na vasodilatação e nos extremos de temperatura

É gripe, resfriado ou alergia? Conheça os sintomas de cada um

É gripe, resfriado ou alergia? Conheça os sintomas de cada um

Embora vários sintomas se sobreponham, é possível, ao analisá-los, fazer a distinção entre resfriados, gripe e rinite alérgica

Canja de galinha realmente ajuda quem está doente? Entenda a ciência

Canja de galinha realmente ajuda quem está doente? Entenda a ciência

Principais nutrientes vêm do frango, dos vegetais e do arroz. O caldo auxilia na reidratação e o calor ajuda a soltar o muco

Novo remédio contra queda de cabelo é aprovado pela Anvisa: baricitinibe

Novo remédio contra queda de cabelo é aprovado pela Anvisa: baricitinibe

Agência aprovou indicação da droga para tratamento da alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar

pt_BRPortuguese