É importante esclarecer que tanto homens quanto mulheres podem ser pais tóxicos. E que, quando os dois são responsáveis pela criação, os danos são causados por ambos.
“Se um dos membros do casal é tóxico, o outro é um abusador passivo”, diz Canales.
- Abusivos
Sem dúvida, os pais que abusam sexualmente e são violentos com os filhos são os que afetam mais profundamente.
Mas não é necessário que um pai abuse fisicamente de uma criança para causar danos muito difíceis de curar, alertam os especialistas.
Agressões verbais e emocionais também são prejudiciais, apontam. Elas vão desde desqualificar uma criança ("não vai dar certo para você", "deixa para lá, é melhor que eu faça isso") a "insultá-la com palavras que ferem sua integridade, como chamá-la de 'idiota', dizendo que ninguém vai amá-la ou que se arrepende de tê-la."
- Manipuladores
Outra característica de um pai ou mãe tóxico é a manipulação, que Canales chama de "abuso emocional".
Saraco observa que esse recurso é mais visto em mães tóxicas.
“Acontece principalmente com filhas que moram com a mãe. A mãe não quer que formem casal para não saírem de casa, então ela começa com comentários e observações negativas sobre o casal, ou interferências que buscam separá-los", diz. "Isso faz com que a filha viva a relação com culpa."
- Controladores
Esta é uma característica compartilhada por pais tóxicos de diferentes gerações. Mas enquanto antes os pais limitavam seus filhos para conseguir sua submissão, hoje o fazem com a intenção de protegê-los.
“Antes, pais tóxicos se impunham, com limites muito agressivos, em vez de acompanhar a autonomia dos filhos”, diz Saraco.
Exemplos típicos são os pais que forçaram seus filhos a estudar certas carreiras ou seguir certas tradições familiares.
Hoje, a toxicidade envolve superproteger os filhos, querendo evitar qualquer sofrimento ou frustração, segundo os especialistas.
“A superproteção também é um abuso, porque a criança superprotegida aprende que não pode enfrentar a vida sozinha”, explica Canales.
- Negligentes
Outra característica dos pais tóxicos modernos é que "são muito permissivos e têm medo de impor limites aos filhos", o que os torna negligentes, segundo Canales, pois "negligenciam as necessidades físicas, emocionais, sociais e acadêmicas dos filhos".
Se o pai negligente de antigamente era o ausente, ou aquele que não dava atenção ao filho, hoje é quem "deixa ele comer o que quiser, faltar à escola, não fazer o dever de casa e desrespeitar os outros", exemplifica.
"Ao serem negligentes, eles dão às crianças um poder que uma criança não pode lidar de forma saudável. Os pequenos se tornam os adultos no sistema familiar", alerta.
Nesse tipo de educação, todo mundo sofre, acrescenta o psicólogo.
“A criança cresce sem conseguir se encaixar em uma escola, em uma universidade, em um mundo de trabalho, em uma sociedade em que não pode fazer o que quiser”, diz.