Os primeiros sinais de língua presa podem ser problemas e dores durante a amamentação.
"As crianças com língua presa não conseguem estender a língua para além da ponta dos seus lábios. Isso resulta em ineficiência para agarrar o peito, sugar e engolir — e todas essas ações são essenciais para a amamentação", segundo Ju-Lee Oei, neonatologista sênior do Hospital Real para Mulheres de Randwick, na Austrália.
À medida que o bebê tenta mover a língua presa e agarra o peito para tentar mamar, o resultado pode ser extremamente doloroso para a mãe. Em outros casos, como o da filha de Canavan, os problemas surgem mais tarde.
"Muitas crianças com língua presa não terão sintomas", afirma Amulya K. Saxena, consultor em cirurgia pediátrica do Hospital Infantil de Chelsea, no Reino Unido, da Fundação do Hospital de Chelsea e Westminster e presidente da Associação Europeia de Cirurgiões Pediátricos, em entrevista por e-mail.
A própria fixação da língua pode ser difícil de identificar. O frênulo lingual é uma faixa de tecido que se estende da parte de trás da boca até o sulco mediano da língua. Se esse tecido for curto, a ponta da língua não consegue estender-se para além dos lábios e a língua presa pode ficar bem evidente.
Cirurgia e 'ioga da língua'
Saxena, o cirurgião pediátrico de Londres, observou que as famílias estão tendo maior conhecimento sobre a língua presa. Segundo ele, "grupos de apoio a pacientes e organizações profissionais agora oferecem informações nas redes sociais".
Na Índia, Ankita Shah também observou aumento da quantidade de famílias em busca de auxílio, mesmo com crianças maiores. Mas ela também aconselha não recorrer à cirurgia com muita rapidez.
De todos os pacientes recebidos na sua clínica, apenas cerca da metade precisa de cirurgia, segundo Shah. Isso depende da gravidade da língua presa e do seu impacto sobre o corpo, incluindo as vias respiratórias.
"Nós avaliamos os diversos sintomas apresentados pelos pacientes com essa condição e nos perguntamos se o problema se deve apenas à língua presa. E tentamos primeiro corrigir outros problemas associados, antes de optar pela cirurgia", relata ela.
As crianças mais velhas podem precisar de anestesia geral, mas crianças mais jovens normalmente são tratadas com anestesia local, segundo Shah. No caso de recém-nascidos, não se usa anestesia, pois os riscos superariam os benefícios.