Cristina Koppel, neurologista do Kings College Hospital e professora do Imperial College London, na Inglaterra, acredita que “da mesma forma que estamos começando a entender as redes sociais e que o mundo está muito mais conectado, a mesma coisa acontece com a complexidade de uma rede de mensagens que o cérebro e o sistema imunológico transmitem um ao outro”.
Com a ajuda desses especialistas, exploramos o que se sabe sobre o papel do cérebro na resposta imune.
O comportamento
“No mundo clínico, no hospital, vemos muitos pacientes com problemas neuroimunológicos”, disse Koppel.
“E, na academia, sabemos que ambos os sistemas se comunicam - os mesmos transmissores podem falar com células imunes e células neuronais, mas ainda temos muito a descobrir.”
Anthony concorda que a relação entre o cérebro e o sistema imunológico é de mão dupla.
Se pegarmos gripe ou Covid-19, muitos de nós vão se sentir mal e mudar os comportamentos, que são descritos em pesquisas como “estereotipados”.
“Você interrompe seu sono e em seguida passa a não querer ver as pessoas ou socializar. Assim, começa a exibir toda uma série de comportamentos que são muito característicos de algo chamado ‘comportamento de doença’.”
“Você se torna anedônico, ou seja, deixa de fazer as coisas que gosta, as atividades hedonistas, como beber, comer doce, se divertir.”
Do ponto de vista evolutivo, explica o especialista, isso traz dois benefícios:
"Talvez ajude você a se recuperar da infecção. Mas, além disso, também envia um sinal para as pessoas ao seu redor ."
E isso é algo que você vê entre os animais, nos mamíferos em particular: quando estamos doentes, o cérebro altera nosso comportamento e começamos a priorizar o que fazemos.
"Quando você está resfriado, não começa a resolver problemas matemáticos complexos porque está cansado", diz Kipnis.
"Um animal se retira porque não quer infectar o rebanho, você também se afasta, não quer infectar a Terra".
O estresse
No Reino Unido, a cidade de Salisbury foi palco de uma série de experimentos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Lá, um grupo de voluntários saudáveis foi infectado com vírus do resfriado, com o objetivo de estudar a rapidez com que desenvolveram a doença e buscar tratamentos eficazes.
Ao analisar as respostas e a taxa de infecção, os pesquisadores concluíram que as pessoas que sofreram muito estresse tinham 20% mais chances de pegar um resfriado.