Quando o caso de um americano que havia entrado em remissão do HIV foi anunciado, em julho de 2022, a notícia foi celebrada internacionalmente como mais um passo histórico na busca por uma cura para o vírus causador da Aids.
Esse paciente era uma das cinco pessoas no mundo a entrar em remissão total de HIV e leucemia mieloide aguda, graças a um transplante de células-tronco.
Tratamento raro, mas que oferece esperança
"Eu ainda acordo todas as manhãs e tenho de dizer a mim mesmo que é real. Eu vejo isso como milagroso, essa coisa incrível que aconteceu comigo", diz Edmonds. "Simplesmente não sei como fui tão afortunado. Sou muito grato."
Ele conta que ainda sofre com pequenos problemas decorrentes do transplante, como o surgimento esporádico de feridas na boca e a sensação de olho seco, para os quais continua recebendo tratamento no City of Hope.
"Poderia ser tão pior. Não posso reclamar disso, é tudo administrável", afirma.
Segundo a médica Jana Dickter, até o momento, entre 15 pacientes com HIV no mundo que receberam transplante de doador com a mutação genética rara, oito morreram e cinco, incluindo Edmonds, entraram em remissão de longo prazo. Outros dois ainda estão recebendo terapia antirretroviral.
Antes de sair do anonimato, Edmonds era conhecido como o "Paciente da Cidade da Esperança", em referência ao centro onde fez seu tratamento. Os outros quatro pacientes que entraram em remissão de longo prazo para o HIV e leucemia após o transplante ficaram conhecidos como os pacientes de Berlim (que recebeu o transplante em 2007), Londres, Nova York e Düsseldorf.
Esse tipo de transplante não está disponível para a maioria dos portadores de HIV. Devido aos riscos envolvidos e a dificuldade de encontrar doadores com a mutação genética rara, o tratamento deverá continuar restrito para alguns poucos pacientes que também enfrentam um câncer, como foi o caso de Edmonds.
Mas o sucesso de seu tratamento deve ajudar nas pesquisas sobre o vírus, e oferece esperança para outros pacientes. Edmonds continuará a ser monitorado para uma série de estudos.
A médica ressalta que, à medida que a população de pessoas com HIV envelhece, aumenta o risco de desenvolver alguns tipos de câncer, entre eles os sanguíneos.