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Para que servem as punições públicas aos árbitros de futebol?

Esse ambiente hostil tende a se agravar nos próximos meses com o aumento da pressão sobre a arbitragem
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Amanda Omura

Mais um árbitro e um VAR punidos publicamente. Luiz Flavio de Oliveira e Wagner Reway tiveram um desempenho muito aquém da capacidade deles e realmente precisam ir para o "banco de reservas" por um tempo. Mas para que servem as punições públicas? Qual o sentido disso?

Para os times, é importante para mostrar poder e dar uma satisfação ao seu torcedor. Para a torcida, o castigo para árbitros que se equivocaram contra seu time é sempre merecido. Para a imprensa, rende horas de debates em programas esportivos. E para a Comissão de Árbitros?

Essa é a pergunta que me faço todas as vezes que vejo um árbitro punido publicamente por conta de erros. De imediato, faço analogia com um treinador de um time, aparecendo em uma coletiva para dizer que seu jogador está afastado do time porque errou o pênalti da vitória. Ou uma nota oficial nas redes sociais informando que o atleta que errou o pênalti vai ser submetido a uma conversa com um psicólogo, um nutricionista e o técnico, além de olhar dez vídeos de cobranças para aprender como se faz, antes de poder voltar a atuar. Rapidamente, percebo o absurdo que seria para os jogadores, mas que é realidade para os árbitros.

A atual gestão da arbitragem é composta por pessoas idôneas e técnicas, mas ela perdeu força no dia em que decidiu punir árbitro publicamente por reclamação de clube. Esse caminho, que costuma levar ao precipício sem possibilidade de retorno, atende aos anseios imediatos e midiáticos dos clubes, mas compromete a credibilidade do trabalho da Comissão.
Os árbitros ficam inseguros não apenas por conviver com o fantasma da punição pública, mas porque sabem que elas não são lineares e criteriosas. O primeiro árbitro punido publicamente foi Bruno Arleu em um pênalti não marcado em Pikachu, do Fortaleza, contra o Goiás, após ver o lance no monitor.

Infelizmente, este caminho foi escolhido, e a gestão da arbitragem e de talentos, neste momento, deu lugar a gerenciamento de crises e riscos.

Seria necessária a definição de uma estratégia conjunta que promovesse a mudança cultural no futebol brasileiro. Sem isso, nenhuma mudança significativa terá efeito. Pelo contrário, esse ambiente hostil tende a se agravar nos próximos meses com o aumento da pressão sobre a arbitragem conforme o campeonato se aproxima do fim.

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