Os corredores e saguões do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ficaram nesta sexta-feira (3) pela primeira vez depois de meses sem afegãos acampados e à espera de acolhimento.
A informação foi divulgada ao g1 pela ativista Swany Zenobini, que faz parte do Coletivo Frente Afegã e que convive com a situação dos imigrantes desde agosto do ano passado.
"Ainda tem um monte para chegar, mas depois de 5 meses é o primeiro dia que não tem nenhum afegão no aeroporto. Eles saíram 11h20 para um abrigo gerido pelo governo do estado e Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude. Estamos no caminho certo ", ressalta.
Em nota, o governo de SP confirmou que acolheu 36 afegãos, entre eles 12 crianças. O grupo foi encaminhado para a Casa de Passagem Terra Nova, em Guarulhos.
O g1 acompanha desde o ano passado a chegada dessas famílias afegãs, que começaram a entrar no país quando as tropas americanas encerraram os 20 anos de intervenção militar no Afeganistão e o grupo extremista Talibã voltou ao poder.
O governo brasileiro publicou em setembro de 2021 uma portaria estabelecendo a concessão de visto temporário, para fins de acolhida humanitária, a cidadãos afegãos.
Dados do Ministério da Justiça apontam que o Brasil já expediu, entre 1º de setembro de 2021 e 6 de dezembro de 2022, 6.302 vistos humanitários aos afegãos. Desses, entre janeiro e outubro de 2022, 3.367 chegaram ao Brasil, sendo o Aeroporto Internacional de Guarulhos a porta de entrada.
O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) atendeu 1.035 pessoas afegãs. A maioria é composta por homens entre 18 e 59 anos (490) e mulheres na mesma faixa etária (248). Dessas 738 pessoas, 50,4% possuem formação universitária e 6,5% são pós-graduadas.
Para evitar que centenas de afegãos fiquem acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos, assim como foi registrado em 2022, o Ministério da Justiça afirmou que uma nova comissão vai acompanhar de perto a situação dos imigrantes que entram no Brasil.