A insatisfação com os preços das comidas típicas nas festas juninas e quermesses está em uma porção de relatos nas redes sociais: pacotes pequenos de pipoca por R$ 7, arroz doce e canjica por R$ 10 cada porção, milho na manteiga por R$ 12, entre tantos outros.
E os valores mais altos não significam que escolas e igrejas estejam enchendo os bolsos com os lucros juninos. Pelo contrário: realizar uma festa junina ficou 11,41% mais caro em 2023, e desemboca em repasse nos preços ao consumidor final ou diminuição das margens.
É o que mostra uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A instituição fez um levantamento de preços para os últimos três anos com 27 dos principais itens típicos dessa época. De todos, apenas dois tiveram uma queda em 2023.
Produtos típicos subiram mais que a inflação
A variação média dos produtos típicos de festa junina entre junho de 2022 e maio de 2023 foi maior do que a própria inflação do período.
Segundo dados do FGV Ibre, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) foi de 3,75% entre aqueles meses, muito menor do que alta dos itens pesquisados. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que representa a inflação oficial do país, subiu 3,94% no acumulado dos últimos 12 meses até maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV Ibre, os itens juninos deveriam estar no cerne da desaceleração da inflação neste ano, mas essa queda está ocorrendo numa velocidade muito aquém da esperada.
"Só nesta última leitura, de maio, que a gente começa a ver uma desaceleração um pouco mais forte de alimentos, principalmente milho. Mas, no acumulado em 12 meses, ainda pegamos um longo período do ano passado, quando os preços dos alimentos estavam mais pressionados", explica.
O que levou a inflação junina a crescer tanto?
O especialista destaca que são três as principais razões para que os preços desses produtos continuem pressionados:
a demora no repasse de reduções nos preços;
o impacto na oferta e demanda por milho causado pela guerra na Ucrânia;
a época produtiva para ovos e leite.