O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou em entrevista nesta quarta-feira (18) que ainda não há uma perspectiva de autorização para que os estrangeiros na Faixa de Gaza – incluindo cerca de 30 brasileiros – cruzem a fronteira para o Egito para, enfim, serem repatriados.
"Só existe uma fronteira possível, que é entre a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, no Egito. A abertura, não há uma perspectiva. Por isso, eu já falei duas vezes com o ministro do Egito pedindo que, não sendo tão numerosos os brasileiros, que seja feita da maneira mais rápida – no momento em que for aberta a passagem para todos", declarou.
"Mas aí, quanto ao momento da abertura, depende ainda um pouco de uma série de questões. Depende dos dois lados, tanto de Israel e também das autoridades em Gaza quanto do lado do Egito. Para haver uma passagem ordenada, também", completou.
Segundo Vieira, informações no local indicam que há cerca de 5 mil civis de diferentes nacionalidades aguardando a abertura do posto de Rafah, na fronteira Gaza-Egito, para fazer a passagem.
Ainda de acordo com o chanceler brasileiro, além das dificuldades de negociação diplomática em meio à guerra, há ainda problemas operacionais – poucos guichês nesse posto que, quando liberado, fará a transferência dos civis para o território egípcio.
"Por essas questões todas práticas, ainda não foram abertas as passagens e não pode haver a saída dos brasileiros e outros nacionais. Não temos ideia, estamos trabalhando intensamente com as autoridades egípcias e também do outro lado, para que isso aconteça no mais rápido prazo possível", disse Vieira.
Veto no Conselho de Segurança
Mauro Vieira lamentou nesta quarta o veto dos Estados Unidos à proposta brasileira no Conselho de Segurança da ONU que, entre outros pontos, pedia a criação de um corredor humanitário para retirar civis da zona do conflito Hamas-Israel.
"Esse texto focava basicamente na cessão das hostilidade, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária […] e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária. Infelizmente não foi possível aprovar essa resolução. Ficou clara uma divisão de opiniões", disse Vieira.