Legumes, hortaliças, frutas, tubérculos, temperos, chás, frutas, pães - tudo produzido sem agrotóxicos. Essa diversidade de alimentos chega à mesa de estudantes de escolas de Castro, nos Campos Gerais do Paraná, graças ao trabalho dos agricultores familiares.
Na cidade, a agricultura familiar é representada principalmente pela Comunidade Maria Rosa do Contestado, acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) formado por cerca de 100 famílias.
A força da produção familiar é nacional. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que cerca de 70% dos alimentos que chegam às casas brasileiras, como feijão, arroz, milho, leite, batata, mandioca, vêm de produções familiares.
A agricultura familiar tem um papel fundamental no abastecimento interno e ocupa 67% das áreas rurais, divididas em quase 4 milhões de propriedades. As informações são do último Anuário Estatístico da Agricultura Familiar, publicado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).
De acordo com o levantamento, os cerca de 10,1 milhões de agricultores familiares são responsáveis por produzir 23% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) nacional, ajudando a preservar recursos ambientais e a impulsionar o desenvolvimento sustentável do país.
Também conforme o anuário, a agricultura familiar brasileira é a oitava maior produtora de alimentos do mundo, movimentando a economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes, que representam 68% do total.
Saúde no prato
Em Castro, desde 2015 a Comunidade Maria Rosa do Contestado participa de projetos como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ajudando a melhorar a qualidade das refeições servidas nas escolas.
No último ano, a produção familiar do município ao programa chegou a R$ 280 mil. Porém, o valor pode ser até cinco vezes maior dependendo dos contratos entre comunidade e instituições, conforme explica Rosane Mainardes, integrante da coordenação do Maria Rosa.
Mais do que movimentar a economia, a Comunidade Maria Rosa ajuda na conscientização sobre a produção e consumo de alimentos "de verdade", de forma sustentável, com redução de danos ao meio ambiente e recuperação de áreas degradadas.
O trabalho em comunidade em prol da produção e alimentação orgânicas dá sentido às famílias que vivem da agricultura.
“Povo que planta e colhe, divide o que tem com o próximo. Gratificante fazer parte dessa família”, diz Rosane.