O endividamento das famílias avançou neste ano e bateu recorde, em meio à corrida eleitoral para presidente da República, limitando a capacidade de consumo da população e impulsionando a inadimplência. O próximo presidente eleito terá de lidar com o tema.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias endividadas atingiu 79,3% do total de lares no país em setembro. Nas casas com renda inferior a 10 salários mínimos, o endividamento superou os 80% pela primeira vez.
De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada dez brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados em setembro de 2022 – o equivalente a 64,25 milhões de pessoas, um novo recorde da série histórica do levantamento, realizado há oito anos.
O alto patamar de endividamento e de inadimplência acontece em um momento de puxada nos juros para conter a disparada da inflação. A taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central, está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos.
Jair Bolsonaro
Em seu plano de governo protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo Partido Liberal, não cita diretamente o assunto.
O documento traz críticas ao "modelo de gestão anterior" e informa que o "novo modelo", implantado desde 2019 no país, produz e distribui riqueza, gerando "recordes" na geração de empregos, aumentando os benefícios sociais para os mais vulneráveis e facilitando a abertura de novas empresas.
No começo deste mês, a Caixa Econômica Federal relançou um programa de renegociação de dívidas de pessoas físicas e jurídicas, que prevê descontos de até 90%, conforme a situação de cada contrato. Os débitos que poderão ser renegociados estão em atraso em mais de 360 dias na Caixa.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, avaliou, em seu plano de governo protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a renda familiar dos brasileiros e brasileiras desabou e o endividamento das famílias explodiu.
"Vamos promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores", diz o documento.
Segundo o plano de governo, a ideia é avançar na regulação e incentivar "medidas para ampliar a oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência no sistema bancário".
Material de campanha divulgado na semana passada detalha um pouco mais as medidas. O PT diz que será criado pelo governo um fundo que garantirá crédito para possibilitar a renegociação de dívidas no comércio ou contas da casa - que não se enquadram em "bancárias".