A indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante visita à Argentina, de que o Brasil deve voltar a financiar projetos de engenharia e desenvolvimento no exterior por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desencadeou uma série de críticas, discussões e a disseminação de informações falsas nas redes sociais nos últimos dias.
Durante sua passagem por Buenos Aires, em sua primeira viagem internacional desde a posse, Lula afirmou que a intenção era "ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse crescimento para o Brasil".
Pouco depois, ao lado de Alberto Fernández, na Casa Rosada, o presidente afirmou que irá criar condições para financiar o gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina.
Como funcionam os empréstimos?
O chamado programa de financiamentos à exportação dos bens e serviços de engenharia brasileiros consiste no aporte a empresas brasileiras para executarem serviços no exterior.
Esses financiamentos são determinados pela administração direta do governo federal, que estabelece as operações, os países de destino das exportações, as principais condições contratuais do financiamento (como valor, prazo, equalização da taxa de juros e seguros) e os mitigadores de risco soberano do país que sedia a obra de engenharia.
Diferente do que dizem muitos dos conteúdos sobre o tema que circula nas redes sociais, os empréstimos são feitos em reais e no Brasil, para as companhias nacionais. Portanto, quem recebe o dinheiro é a empresa brasileira que vende para fora e não o país.
Como o Brasil e a população podem ganhar?
Segundo o próprio BNDES, o financiamento da exportação de bens e de serviços produzidos no Brasil tem por objetivo o aumento da competitividade das empresas brasileiras, a geração de emprego e renda no país e a entrada de divisas.
A ideia defenida pelos apoiadores do projeto é que, por meio do empréstimo, as companhias locais possam expandir seu mercado, exportar suas tecnologias e se desenvolver.
O mecanismo, portanto, serviria como um "empurrão" às empresas brasileiras, especialmente as mais novas e que atuam em mercados mais difíceis e competitivos.
Ao mesmo tempo, defende-se que os novos empreendimentos no exterior possam beneficiar de alguma forma o país.
No caso específico do gasoduto argentino, a expectativa é que, no futuro, ele possa representar uma nova fonte de gás para o Brasil.
Quais são as desvantagens e riscos para o Brasil?
A possível entrada do BNDES em novos empreendimentos internacionais é considerada um ponto sensível para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Isso acontece, em parte, por conta das dívidas e calotes acumulados por alguns dos países envolvidos.