Um em cada quatro brasileiros vive uma dura realidade: no fim do mês, falta dinheiro para pagar todas as contas e sobram dívidas. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta ainda que, com o orçamento apertado, mais da metade dos entrevistados reduziram as despesas com lazer, deixaram de comprar roupas ou desistiram de viajar.
Além da redução de despesas com lazer e itens de uso pessoal, como roupas e calçados, o orçamento apertado também trouxe mudanças no dia a dia do brasileiro, como parar de comer fora de casa (45%), diminuir gastos com transporte público (43%) e deixar de comprar alguns alimentos (40%).
Quando questionados sobre algumas situações específicas neste ano sobre o orçamento pessoal, 34% dos entrevistados informaram que já atrasaram contas de luz ou água;, 19% deixaram de pagar o plano de saúde; e 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.
Os invisíveis do Auxílio Brasil
O gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, destaca que alta nos preços já está levando os consumidores a sacrificarem gastos com necessidades básicas, como compra de alimentos, remédios e o adiamento do pagamento das contas de água e luz. O problema afeta mais famílias de renda mais baixa, até um salário mínimo.
- O quadro mostra uma situação financeira difícil e isso vem de algum tempo. As pessoas já vinham sacrificando algum consumo com serviços pessoais, como lazer e alimentação fora de casa. Com a elevação dos preços de alguns alimentos, aliado a esse histórico, começou a haver atrasos nos pagamentos de luz e energia para fechar as contas do mês e mesmo assim, as famílias não estão conseguindo sair do vermelho – disse Azevedo.
Ele explicou que as famílias estão fazendo ginástica para que todas as despesas caibam no orçamento, deixando as contas de luz e água para acertar no mês seguinte, o que pode levar ao corte do fornecimento do serviço.
- Tudo isso é preocupante, você deixar de ter um alimento ou ter que adiar o pagamento das contas de luz e de água ou de comprar medicamentos. Já cortou os supérfluos e já está pegando as necessidades básicas de fato – observou Azevedo.
Sem sobra para poupar
E em um cenário em que é difícil sair do vermelho, poucos poupam, pois 69% da população não conseguem guardar dinheiro. Os poupadores são 29%.
A pesquisa mostra ainda que, com o orçamento apertado, mais da metade dos entrevistados reduziram as despesas com lazer, deixaram de comprar roupas ou desistiram de viajar.
Corte de gastos
Sem conseguir poupar ou sair do negativo, a maioria da população (64%) cortou gastos desde o início do ano e um em cada cinco brasileiros pegou algum empréstimo ou contraiu dívidas nos últimos doze meses. Entre quem reduziu o consumo, 61% demonstram otimismo e dizem ser uma situação temporária. Mas apenas 14% dos brasileiros pretendem aumentar os gastos até o fim do ano.