A sexta-feira passada poderia ter sido decisiva para a história da liga de clubes do Brasil. Em Nova York, uma reunião teria representantes dos investidores que hoje estão em lados opostos: Mubadala, parceiro da Libra, e Serengeti e Life Capital Partners (LCP), com o Forte Futebol.
Não era uma reunião qualquer. Seria a primeira vez que esses investidores sentariam à mesma mesa, frente a frente, para discutir uma solução para o impasse que tem travado a liga. Nenhum dos lados previa exatamente o desfecho do encontro, mas poderia ter sido o início de uma composição. A construção da liga avançaria algumas casas.
A reunião foi cancelada na véspera, para a surpresa do Mubadala. De acordo com três pessoas próximas às empresas, o fundador da Serengeti, Jody LaNasa, se irritou com vazamentos e com ataques na internet feitos à gestora de investimentos que dirige.
O principal motivo de descontentamento do americano foi uma reportagem do site Neofeed, publicada na quinta-feira, com duas informações de bastidores. Uma, que o fundo CVC teria acordo alinhado com o Mubadala para também investir na liga brasileira de clubes. Duas, que haveria disposição desses dois investidores de encontrar uma maneira para inserir Serengeti e LCP no acordo deles.
A irritação surgiu por causa do entendimento de LaNasa de que, no cenário atual, a Serengeti tem um negócio muito mais firme em mãos do que o Mubadala. A gestora de investimentos americana tem acordos de investimentos assinados com 26 clubes do Forte, e o dinheiro já começou a ser antecipado, enquanto o fundo árabe só detém um pré-acordo com membros da Libra, que os impede de trocar de bloco.
Outro texto publicado pelo Neofeed havia incomodado LaNasa um mês antes, em junho. Nele, uma fonte não identificada descreveu a Serengeti como um "fundo abutre", "um investidor obscuro", que daria um "cheque sem fundo" por meio de uma "proposta fictícia".
Do lado da Serengeti e da LCP, seus representantes chegaram à interpretação de que representantes da Libra estão tentando manipular a negociação por meio da imprensa, algo que eles repudiam.