O ex-árbitro Renato Marsiglia afirmou nesta semana, em entrevista ao Uol, que a Fifa está testando uma nova regra de impedimento. Algo que, segundo ele, faria com que 99% dos gols que hoje são anulados por posição ilegal fossem validados.
Segundo fontes da Fifa, os testes estão sendo conduzidos em campeonatos de categorias de base de três países: Suécia, Itália e Holanda. O que não significa, porém, que uma mudança na regras esteja próxima. Trata-se apenas de um primeiro passo num longo caminho até que uma mudança tão grande seja transformada em realidade.
Pela regra do impedimento atual, basta que apenas uma parte do corpo do atacante esteja à frente do (penúltimo) defensor para se configurar o impedimento. Foi o que aconteceu, por exemplo, no jogo entre Peru e Brasil, pelas Eliminatórias, quando Richarlison teve seu gol anulado.
A nova regra testada pela Fifa, uma ideia do chefe de desenvolvimento global de futebol, Arsene Wenger, é só marcar o impedimento quando o atacante estiver completamente à frente do defensor. Se alguma parte do corpo do atacante estiver na mesma linha, então a decisão seria validar o lance.
A autorização para a Fifa conduzir esses testes foi dada pela IFAB (International Board, a entidade que cuida das regras do jogo) ainda antes da pandemia, em 2019. Mas os estragos causados pela Covid-19 impediram e adiaram os testes, que finalmente começaram no segundo semestre deste ano.
Ainda não há uma previsão de quando (nem se) tal ideia vai sair do campo dos testes. É possível que a ideia seja abandonada, como já aconteceu com outras.
Uma mudança tão importante, numa regra tão determinante no jogo, é considerado algo delicado demais. Toda a comunidade do futebol precisaria ser convencida e ensinada sobre a alteração na regra, por isso a Fifa entende que não se trata de uma situação para o curto prazo.
Sandro Orlandelli, atual membro da UEFA Academy e especialista na identificação de talentos pela FA, a Federação Inglesa de futebol, foi scout de equipes importantes da Europa, como o Arsenal. E no time inglês, esteve com Arsene Wenger por mais de 10 anos e cita o lado estudioso do profissional como uma das premissas de seu trabalho.