Ali, na zona mista, José Roberto Guimarães ainda parecia não acreditar. Doze anos depois, a seleção brasileira volta à final de um Mundial de vôlei. O caminho até a decisão, porém, se mostra diferente. No início da competição, o Brasil era visto quase como um azarão. Em meio a uma renovação do grupo, parecia alguns degraus abaixo de outros rivais. Mas, ao bater a Itália e avançar à briga pelo título inédito, a equipe quebrou, em quadra, qualquer prognóstico diferente.
- Nem nos meus melhores sonhos… – disse o técnico.
Zé Roberto tem o currículo ao seu favor. Tricampeão olímpico, o técnico já levou a seleção feminina a outras duas finais, em 2006 e 2010 - o Brasil também foi vice em 1994. Com o treinador, levou a pior para a Rússia nas duas vezes. Desde então, o técnico comandou a seleção ao bronze no Mundial de 2014, além do sétimo lugar em 2018. Agora, tem mais uma chance de, enfim, subir ao topo. As duas vitórias sobre a Itália, tão favorita nas bolsas de apostas, dão gás ao sonho.
- Eu sou sincero: nem nos meus melhores sonhos eu podia imaginar ganhar de 3 a 1 da Itália em uma semifinal de Mundial. Duas vezes no campeonato. Mas agora vamos pensar na Sérvia.
Antes da semifinal, Zé Roberto havia pedido um time atento. Queria que a seleção se mantivesse o tempo todo no jogo, sem deixar a Itália desgrudar. Sabia dos riscos.
- A gente não podia largar o jogo. A gente precisava ficar o tempo inteiro, brigando bola a bola. Porque precisávamos mostrar essa força. Isso que foi legal, que acabou resultando nessa vitória maravilhosa.
No Mundial, o Brasil tem conseguido se reinventar. Ainda que Gabi e Carol se destaquem nos números, a seleção se impõe pelo grupo. Durante a competição, os holofotes se multiplicaram e deram luz a praticamente todas as jogadoras. Quase todas tiveram seu momento de brilho.
- O segredo é o trabalho – lógico, é o trabalho, a dedicação que elas tiveram nessas seis semanas no Brasil, duas semanas fora. São pequenas coisas. Nós sabíamos que não éramos o time mais capacitado, o time com maior potencial. Mas que tinha coisas importantes acontecendo. A força, um time muito bem liderado pela Gabi. É uma capitã que fala o tempo inteiro, argumenta. E outra coisa: os cuidados que essas meninas têm com alimentação, com descanso, com sono. Falei isso com elas depois do jogo do Japão. Quando o Japão começou a errar um pouco mais, nosso time estava em um gás muito bom.