Na capital Helsinque, como no resto da Finlândia, edifícios e casas de altura baixa e média, quase sem torres ou arranha-céus, dominam uma vista inconfundivelmente nórdica.
Mas abaixo dessa paisagem, no subsolo, a Finlândia possui um mundo à parte.
Tomi Rask atua na Defesa Civil em Helsinque e descreve com orgulho a famosa rede de abrigos subterrâneos da cidade — um enorme espaço criado para os finlandeses lutarem contra invasões, desastres naturais ou outro tipo de emergência.
"Só em Helsinque temos cerca de 5,5 mil abrigos subterrâneos. Eles podem acomodar quase um milhão de pessoas e resistem a todos os tipos de ataques das armas mais modernas, inclusive nucleares", disse Rask à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).
A rede subterrânea não é sua única forma de defesa dos finlandeses contra catástrofes.
Por décadas, a Finlândia impôs um dos sistemas de recrutamento militar mais rigorosos do mundo, reuniu grandes estoques de petróleo, alimentos e remédios, e trabalhou na conscientização de seu povo sobre a necessidade de estar preparado para os "piores cenários".
Esse nível de preparação é baseado, entre outros fatores, na desconfiança em relação ao seu vizinho ao leste, a Rússia, com a qual a Finlândia compartilha 1,3 mil km de fronteira, e que no passado invadiu e tomou territórios finlandeses.
Desde a Segunda Guerra Mundial, ambos os países vivem em relativa calma graças à neutralidade adotada pela Finlândia para garantir a paz com seu vizinho.
Mas tudo mudou com a guerra na Ucrânia. A Finlândia percebeu o perigo real e agora está acelerando sua adesão à aliança militar Otan, um movimento que gerou ameaças de Moscou.
São momentos de tensão para um país que há muitos anos se prepara para uma emergência.