O cessar-fogo entre Israel e Hamas começou a vigorar e será renovado conforme os reféns mantidos em Gaza forem libertados, indicando que, para o governo comandado pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu, os 240 sequestrados passaram a ser a prioridade.
Fica a pergunta: Qual será a sua estratégia depois que o primeiro grupo de 50 de mulheres e crianças voltar a Israel?
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, foi taxativo: os combates intensos continuarão por pelo menos dois meses após a trégua.
Para Netanyahu, quanto mais tempo durar a guerra em Gaza, maiores serão as chances de assegurar uma sobrevida política e postergar o clamor interno pelas investigações sobre as falhas de segurança que levaram ao massacre do Hamas em 7 de outubro.
A retomada dos combates retarda também o julgamento do premiê israelense, acusado em três processos por corrupção e abuso de poder. “Se depender de Netanyahu, a guerra não terminará nunca”, atesta o colunista Uri Misgav, do jornal “Haaretz”.
A libertação de reféns parece não combinar com a continuação da guerra. A pausa de quatro dias dá ao Hamas tempo para se reorganizar e combustível para exigir mais nas negociações para libertar os 190 que permanecerão no território palestino. Como consequência, aumentará a pressão das famílias sobre Netanyahu.
O chefe do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, já deu provas aos israelenses de não ser um interlocutor confiável e tentará ganhar tempo e adiar a retomada dos combates, sob o pretexto de localizar os reféns, que segundo o grupo estão distribuídos por outras facções.
Nos 23 anos em que esteve preso em Israel, por tentativa de homicídio e sabotagem, ele aprendeu hebraico e estudou minuciosamente o inimigo. Sinwar retornou a Gaza em 2011, libertado na troca de mil prisioneiros pelo soldado israelense Gilad Shalid. Seis anos depois, foi eleito para chefiar o território e permanece indefinidamente no cargo.