O cenário político da Argentina atraiu a atenção do mundo neste domingo (14). Para além do resultado inesperado - o ultraconservador Javier Milei liderou os votos -, o modelo de prévias do país latino-americano chamou a atenção, já que as eleições de fato só ocorrem em outubro.
As primárias argentinas são uma votação obrigatória pelo Código Eleitoral local para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais. É um formato relativamente novo - existe desde 2011 - e único no mundo, porque:
A votação é obrigatória a todos os cidadãos aptos a votar;
É diferente de primárias mais tradicionais, de países como França e EUA, nas quais afiliados de partidos escolhem os candidatos apenas de suas siglas, em datas diferentes; no caso Argentino, todas as siglas passam pela votação no mesmo dia;
Todos os partidos são obrigados a fazer prévias, ainda que só tenham um candidato concorrendo que queira concorrer à presidência, ou ainda um consenso dentro da sigla;
Como funcionam as primárias
Todos os eleitores são então convocados às urnas em um mesmo dia - que neste ano, foi no domingo (13). Ao chegar ao local de votação, o eleitor depara-se com distintas cédulas, cada qual de um partido diferente;
O eleitor então escolhe a cédula do grupo político de sua predileção e vota nas primárias dessa agremiação;
Para avançar na corrida presidencial, todos os candidatos que concorrem nas primárias precisam de, no mínimo, 1,5% dos votos para se tornarem elegíveis - assim, os partidos nanicos são eliminados, o que foi o principal objetivo da criação desse processo prévio de votação.
Com o resultado, as primárias também definem, na mesma época, o candidato de cada legenda;
Historicamente, as primárias - conhecidas pela sigla Paso (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) - servem como uma espécie de ensaio para as eleições gerais e um termômetro de quem tem chances reais de vencer.