Donald Trump viveu toda a sua vida como se estivesse tentando provar a teoria de que toda publicidade é boa publicidade. Sua aparição no tribunal nesta terça-feira (4) como réu em um processo criminal promete levar esse clichê ao limite.
Este caso certamente o colocou, novamente, no centro das atenções.
Sua jornada de Mar-a-Lago, sua casa na Flórida, para Nova York foi transmitida ao vivo em várias estações de TV dos Estados Unidos. Aparentemente, ele discutiu com seus assessores sobre como deveria se portar durante o processo judicial - sorrir de forma desafiadora ou parecer sombrio e sério?
Esse episódio no tribunal também será um evento da campanha eleitoral. A grande questão é se Trump pode realmente transformar um processo criminal em vantagem eleitoral.
Desde que o indiciamento contra ele foi anunciado na semana passada, sua campanha tem se vangloriado dos fundos arrecadados (mais de US$ 8 milhões, dizem eles, o equivalente a R$ 40 milhões) e citado pesquisas de opinião que sugerem que sua vantagem sobre os oponentes republicanos na disputa pela indicação presidencial aumentou.
Não está claro se uma figura pública tão conhecida como Trump precisa da clássica fotografia tirada pela polícia - mas Hogan Gidley, seu ex-porta-voz da Casa Branca, declarou brincando que "será a foto mais viril, mais masculina e mais bonita de todos os tempos".
Já é esperado ouvir esse tipo de bravata machista do grupo de Trump. O que é particularmente interessante é observar como os oponentes políticos do ex-presidente dentro do Partido Republicano se sentiram compelidos a defendê-lo.
"A armação do sistema jurídico para promover uma agenda política vira o Estado de direito de cabeça para baixo", disse Ron DeSantis, governador da Flórida. Ele afirmou ainda que não ajudaria se houvesse um pedido de extradição de Trump da Flórida para Nova York.
O ex-vice-presidente de Trump, Mike Pence, disse que o indiciamento enviou uma "mensagem terrível" ao mundo sobre a Justiça americana.