A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova diretriz sobre o uso de adoçantes sem açúcar. A recomendação, divulgada na segunda-feira (15), diz que esse tipo de adoçante não deve ser usado para perder ou controlar o peso.
No entanto, é preciso ressaltar que a diretriz não fala para substituir o adoçante por açúcar.
O que o documento busca é orientar os governos para uma alimentação mais saudável, como explicou ao Jornal Nacional a diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Maria Edna de Melo.
Riscos e falta de evidência para perda de peso
A nova diretriz da OMS alerta que o uso prolongado desse tipo de adoçante pode aumentar o risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.
Em 2022, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) divulgou um documento com orientações sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e obesidade.
Um dos capítulos é dedicado aos adoçantes. Nele, os especialistas alertam que "os adoçantes ganharam grande popularidade no controle do peso corporal e na glicemia em função de serem isentos ou fornecerem poucas calorias" e que "alguns estudos mostraram benefícios do uso de adoçantes, enquanto outros estão associados ao aumento de peso e aumento de risco para diabetes tipo 2".
Rodrigo Moreira, diretor do departamento de Diabetes Mellitus da SBEM, explica que não existe uma conclusão definitiva sobre os riscos do adoçante, já que encontramos estudos "a favor" e contra". No entanto, uma coisa a ciência já concluiu: não existe evidência de que o adoçante funciona para o tratamento de obesidade.
"Grande parte do uso de adoçante para tratamento de obesidade vem mais de uma crendice popular do que evidência científica. As pessoas acham que tirar o açúcar e trocar por um adoçante vai levar à perda de peso, mas não há evidência disso", diz o endocrinologista.
"Não existe nenhuma diretriz ou recomendação de sociedade médica no mundo para colocar adoçante como estratégia para perda de peso" — Rodrigo Moreira, diretor do departamento de Diabetes Mellitus da SBEM
O que diz a nova diretriz da OMS sobre adoçante
Evidências sugerem que adoçante sem açúcar não traz benefícios a longo prazo quando o assunto é a redução da gordura corporal, seja em adultos ou em crianças.
O documento alerta que o consumo contínuo pode aumentar o risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.
A recomendação, no entanto, não vale para pessoas com quadro de diabetes preexistente.
Os adoçantes sem açúcar mais comuns são: acesulfame de potássio, aspartame, advantame, ciclamatos, neotame, sacarina, sucralose, estévia e seus derivados.
A diretriz não se aplica aos adoçantes feitos de açúcar de baixa caloria e álcool de açúcar, os chamados polióis, como eritritol e xilitol.