As receitas parecem simples. Suco de uma laranja misturado com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio. Um copo de água fria ou morna com uma pitada de sal e dez cravos-da-índia. Ou, caso queira algo mais prático, tomar diariamente suco de limão.
Além da simplicidade, todas têm mais algo em comum: são opções que aparecem em uma rápida busca no TikTok como possíveis curas para um problema enfrentado por cerca de 30% dos brasileiros, o mau hálito.
E, como diversas recomendações na internet, não funcionam.
Um problema, muitas causas
De acordo com a Associação Brasileira de Halitose (ABHA), 68,8 milhões de homens e mulheres têm mau hálito no Brasil. Globalmente, estima-se que 32% da população mundial precise conviver com esse problema.
A halitose não é considerada uma doença, mas pode ser sinal de algum problema de saúde ou de uma alteração fisiológica e tem diversas possíveis causas.
Entre as principais causas do mau hálito estão:
Disfunções salivares, como redução do fluxo salivar ou uma saliva muito viscosa
Placa bacteriana na língua – aquela camada branca ou amarelada que se forma no fundo da língua
Doenças periodontais, como gengivite e periodontite
Não higienização correta da boca
Próteses mal adaptadas e restaurações mal-acabadas
Ingestão excessiva de bebidas alcóolicas e uso de cigarro
Ingestão de alimentos odoríferos, como alho, cebola e outros condimentos em excesso
Estresse descontrolado, que pode alterar o equilíbrio bucal
Doenças sistêmicas
Mau hálito tem cura?
Apesar das receitas caseiras que prometem acabar com o mau hálito, Karyne alerta que nem sempre o problema tem cura. Uma vez que a halitose é proveniente do desequilíbrio bacteriano, é preciso cuidado constante para controlar seus efeitos.
"Eu não gosto do termo cura, porque as pessoas entendem que é definitivo. Se controlarmos a saúde bucal, ofertamos menos nutrientes para evitar esse desequilíbrio. A colaboração do paciente é fundamental para conseguir controlar a qualidade do hálito", avalia Karyne Magalhães.
Caroline Calil, professora doutora formada pela Unicamp e especialista em periodontia e halitose, também explica que, a depender da causa, o problema tem controle, mas não tem cura.
"O paciente acredita que se ele fizer o tratamento uma vez, ele vai ficar curado e não precisa fazer nenhuma manutenção. Quem tem esse problema precisa estar a cada seis meses no dentista", recomenda.