Uma simulação utilizando dados de 40 milhões de japoneses projetou, para 2043, um perfil auspicioso dos idosos do país. Um número maior de pessoas viverá mais e os casos de demência diminuirão. O único grupo que parece não ter se beneficiado é o das mulheres de escolaridade mais baixa, que corre o risco de enfrentar uma velhice marcada pelo declínio cognitivo. Como já apontei no blog, o progressivo envelhecimento da população mobiliza todos os governos, e o Japão é considerado um laboratório para ações propositivas. São 30% aqueles acima dos 60 anos e as políticas estimulam a longevidade ativa.
A simulação foi realizada por pesquisadores das universidades de Tóquio e Stanford (EUA) levando em conta 13 condições crônicas (entre elas doença cardiovascular, diabetes, depressão e dependência de drogas), assim como fragilidade e demência. Detectar grupos que estão sob maior risco ajudará na montagem de políticas públicas direcionadas. Em outra frente – mas que tem relação direta com o prognóstico positivo do quadro – pesquisadores da Universidade de Osaka enfatizaram a importância da adoção de hábitos saudáveis para aumentar a expectativa de vida. O impacto é favorável até para os indivíduos com enfermidades crônicas e, embora o ideal seja fazer ajustes ainda na meia-idade, as mudanças são benéficas inclusive para os idosos. O estudo se baseou em dados de 49 mil japoneses, coletados entre 1988 e 1990.
O objetivo inicial era levantar que fatores contribuíam para as mortes causadas por câncer e doença cardiovascular, mas o questionário incluía perguntas sobre exercício, dieta alimentar, tabagismo, sono, ingestão de álcool e índice de massa corporal (IMC). O monitoramento continuou até o fim de 2009, quando perto de 9 mil participantes haviam morrido. “Os resultados eram claros: um grande número de comportamentos modificáveis estava diretamente relacionado ao aumento da expectativa de vida”, afirmou Ryoto Sakaniwa, principal autor do estudo. Reduzir o consumo de bebidas, não fumar, perder peso e melhorar a qualidade do sono tiveram o poder de aumentar em seis anos a longevidade de indivíduos na casa dos 40. Os benefícios alcançavam mesmo octogenários e aqueles com comorbidades.
É preciso que os países se mobilizem para zelar pelo envelhecimento da sua população. No mês passado, a Canadian Consortium on Neurodegeneration in Aging, a maior entidade canadense de pesquisa sobre demência, lançou um programa on-line, batizado de Brain Health PRO, com informações sobre a doença e os fatores de risco que podem ser modificados. São eles: exercício, nutrição, sono, saúde do coração, conexões sociais, visão, audição e disposição para o aprendizado. Há vídeos e módulo interativos, para estimular mudanças de comportamento, e os participantes receberão dispositivos para monitorar a atividade física. Prevendo bater a casa de um milhão de demenciados nos próximos 12 anos, o governo determinou que a prevenção é uma prioridade nacional.