Quem nunca ouviu que crianças são como "esponjas" – absorvem tudo que o que fazemos e dizemos, mesmo sem saber o que significa? Isso também vale para a relação com a comida. A forma como os pais lidam com a alimentação e os comportamentos alimentares das crianças estão relacionados entre si.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Houston elencou práticas alimentares chamadas de 'não responsivas', que atrapalham no desenvolvimento infantil e anulam as habilidades da criança de perceber seus sinais internos de fome e saciedade. Essas práticas também estão associadas ao risco de sobrepeso e obesidade infantil.
"Quando os pais utilizam a comida como recompensa, o que é uma prática alimentar não responsiva, as crianças pequenas correm um risco maior de comer em momentos de emoções negativas, o que é conhecido como comportamento alimentar emocional", exemplifica Ritu Sampige, graduada em ciências biomédicas da UH Honors College e primeira autora do artigo.
Entenda as práticas alimentares não responsivas:
Recompensa por comportamento: quando os pais dão comida, como guloseimas, às crianças quando elas se comportam bem. Por exemplo, dar sorvete a uma criança como recompensa por bom comportamento.
Recompensa por comer: quando os pais dão uma recompensa (como um brinquedo ou uma sobremesa) após a criança terminar de comer. Por exemplo, dar a uma criança um prêmio por terminar seus vegetais.
Alimentação persuasiva: tentar persuadir ou convencer a criança a comer, mesmo quando ela não quer ou quando ela não está com fome. A persuasão pode ser na forma de elogios para a criança que termina de comer ou na forma de desaprovação para a criança que não termina de comer.
Alimentação emocional: comer emocional significa comer em resposta a emoções positivas ou negativas. Um exemplo inclui comer para reduzir emoções negativas, como raiva ou tristeza. Comer demais emocionalmente pode aumentar o risco de obesidade futura ou provocar algum distúrbio alimentar, como anorexia.
Como os pais podem evitar essas práticas?
Para Sampige, é um grande desafio. "A conscientização é um aspecto muito importante da incorporação de práticas de alimentação responsiva às rotinas diárias."
Veja algumas dicas da autora do estudo:
Entender as diferenças entre práticas responsivas e não responsivas de alimentação;
Minimizar distrações (televisões, celulares e outras telas) durante as refeições;
Criar horários e ambientes para as refeições;
Atenção durante a refeição – é importante que os pais estejam envolvidos e atentos ao fazer as refeições com seus filhos;
Confiar nos sinais de fome ou saciedade das crianças;
Estar ciente do seu próprio estado de saúde mental – o aumento da gravidade da saúde mental dos pais foi associado ao aumento do uso de práticas alimentares não responsivas.