O coping e a meditação são algumas técnicas conhecidas para diminuição do estresse. Os resultados dessas práticas foram avaliados em voluntários de uma pesquisa que usou como porto de partida o cortisol, conhecido como o "homônimo do estresse".
O estresse está atingindo cada vez mais pessoas, independentemente de idade, gênero e da classe social.
'Resolvi começar com uma coisa simples'
Na vida da Priscila, uma das voluntárias da pesquisa, as noites já mostravam que estava tudo ao contrário. Ela cresceu com poucos amigos e passou anos lidando com microscópios e roedores na carreira científica, mas o isolamento maior na pandemia e o fim de um longo namoro deram origem a relacionamentos difíceis no trabalho.
Apesar disso, Priscila deu a entrevista, rindo à toa. A técnica do Coping tem a ver com isso: procurar um novo ponto de vista a partir do afastamento é uma das estratégias desse modelo de terapia cognitiva para lidar com situações estressantes.
A saída pode ser ajustar o sono, que é uma das bases da saúde mental, organizar armários, rotinas, cuidado, autoestima ou, quem sabe, melhorar a relação com o trabalho, cuidar da vida financeira. Para cada caso é um caso - e no de Priscila, toda a mudança começou pela geladeira.
"Eu resolvi começar com uma coisa muito simples, que foi equilibrar nutrientes. Se no meu caso, uma alimentação que não estava balanceada e que os nutrientes estavam faltando, prejudicava o meu organismo. A gente pensa que a mudança é pouca, que não vai fazer diferença no todo, que não vai mudar a minha vida. Mas é aí que a gente se engana", ressaltou Priscila.
Terapia do silêncio
O silêncio pode ser outra estratégia. O casal formado pela psicanalista Maíne Fernanda Missasse e o biólogo Alecio Luis de Souza, também voluntários da pesquisa, escolheu meditar.
"Eu comecei a demorar um pouquinho mais para adormecer e agora, com a meditação, você já entra num estado de relaxamento que facilita pegar no sono um pouco mais tranquilamente .Então você já vai aprendendo a relaxar antes, vai soltando um pouco mais o celular, já para de tentar resolver tudo, deixa o resto para amanhã. Hoje, o que é importante? O importante é dormir", destacou Maíne Fernanda Missasse.
Pesquisa mediu o nível de cortisol
O cortisol é um hormônio vital, mas que, em excesso, pode indicar que o nosso corpo está sob pressão.
"Nós devemos acordar com cortisol alto, estimulados para vencer o dia, e baixo ao final da noite, perto da hora de se deitar. Esse cortisol tem que estar baixo para que a energia esteja baixa, para que eu tenha uma boa noite de sono", explicou a doutora.
A rotina dos voluntários ficou mais fácil e, depois de 28 dias de estratégias, os resultados foram confirmados pelos gráficos do cortisol.
"Nós tivemos uma melhora na qualidade do sono, tivemos uma diminuição do estresse e uma melhora na resiliência desses voluntários", contou a doutora Dora Grassi.
Os pesquisadores também concluíram que o nível de cortisol dos voluntários subiu pela manhã. Aquele estresse bom, que nos encoraja. Sem ele a gente não vive bem.
"Eu acredito muito que o ser humano pode ser melhor, pode ser mais produtivo. Ele conseguir lidar com ele mesmo. Como que eu vou controlar a minha sensação? Como que eu vou controlar a minha vida?", ressaltou a pesquisadora.