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Corante, aromatizante, adoçante e conservante: entenda o rótulo

Especialistas alertam que algumas substâncias não têm finalidade, os aditivos 'cosméticos', que visam apenas realçar sabor
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Amanda Omura

Você já parou para ler os rótulos dos alimentos que consome? Se olhar atentamente, é bem capaz que encontre algum aditivo alimentar nesses produtos, principalmente se eles forem ultraprocessados.

Os aditivos alimentares são substâncias adicionadas pela indústria durante o processamento para melhorar a qualidade, realçar sabor, aparência, textura, manter a cor ou prolongar sua vida útil. Na lista estão, por exemplo, os conservantes, adoçantes, corantes, aromatizantes e espessantes.

Já os alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por um processo industrial maior e são transformados quimicamente, como produtos em conserva, enlatados, frios e embutidos.

Mas como identificar um aditivo? Cristiane Moulin de Moraes Zenobio, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), dá uma sugestão: se você viu um nome diferente no rótulo, que não tem na natureza, então você pode deduzir que é um aditivo alimentar.
"Quer um exemplo? A tartrazina (corante alimentar). Você já viu um pé de tartrazina?", diz a endocrinologista.

Atualmente, há 24 funções tecnológicas aprovadas para aditivos alimentares no Brasil e 406 aditivos permitidos, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Eles estão indicados no final da lista de ingredientes, seja pelo nome completo ou o número cadastrado no Sistema Internacional de Numeração do Codex Alimentarius (INS). (Veja a lista completa da Anvisa aqui).

E atenção: não é possível definir um limite "seguro" de consumo de aditivos.

A função dos aditivos alimentares
Os aditivos são ingredientes adicionados intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir. Eles modificam as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais do produto, durante sua fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação.

Eles podem apresentar diversas funções. Conservante e antioxidante, por exemplo, desenvolvem papéis importantes na preservação dos alimentos. O problema ocorre quando os aditivos não têm nenhuma funcionalidade.
Apelidados de "aditivos cosméticos" por uma parte dos profissionais da área, esses aditivos têm como função tornar os produtos finais mais atrativos e palatáveis. Entre eles estão: corante, aromatizante, emulsificante, realçador de sabor e adoçante.
"Pegando o whey protein como exemplo, se tomar sem sabor nenhum, um rótulo clean, ele não é gostoso. O que a indústria faz? Para tornar as misturas de derivados de alimentos atrativas e saborosas, eles colocam aditivos alimentares", exemplifica a nutricionista Vanessa Montera, que teve como tema da tese de doutorado os aditivos alimentares — o trabalho foi publicado no periódico Food and Function, da Sociedade Real de Química, do Reino Unido.

Outro exemplo dado pela nutricionista é a bebida láctea sabor morango.
"Ela não tem morango, mas tem o aromatizante que dá o cheiro, o sabor. Para ter a cor, a indústria coloca o corante. Daí que vem o termo cosmético. Eles usam uma maquiagem para deixar o produto mais atrativo, mais saboroso, com uma cor bonita. E isso não tem sentido." — Vanessa Pereira Montera, mestre em Ciências Cardiovasculares e doutora em Alimentação, Nutrição e Saúde

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