Rastrear o que os consumidores compram, por meio de dados de cartão fidelidade, pode ajudar a identificar aqueles com sinais precoces de câncer, indica um novo estudo.
Segundo os autores da pequisa, a compra frequente de analgésicos sem receita e comprimidos para indigestão apontam para um risco maior de câncer de ovário - que costuma ser diagnosticado tardiamente.
Não há teste de triagem confiável e os sintomas, como inchaço, podem ser vagos e confundidos com outras condições comuns e inofensivas.
Os sintomas incluem: inchaço no estômago, indigestão, dor pélvica ou abdominal, perda de apetite ou sensação de saciedade rapidamente após comer, e necessidade de urinar com mais frequência.
O diagnóstico precoce aumenta a chance de sucesso do tratamento.
Caso
Fiona Murphy tinha 25 anos quando foi diagnosticada com um tipo raro de câncer de ovário. Ela vinha tendo cólicas estomacais e indigestão havia alguns anos, e médicos pensavam repetidamente se tratar da síndrome do intestino irritável (SII ou IBS, na sigla em inglês).
"Vivia tomando remédio para azia antes do meu diagnóstico de câncer de ovário. Sempre o levava na bolsa. Não podia sair de casa sem ele", diz ela à BBC News. "Meus sintomas eram vagos, mas frequentes e contínuos. É isso que você precisa estar atenta."
Os sintomas de Fiona continuaram e uma tomografia revelou um tumor em seu ovário.
O estudo
James Flanagan, principal autor do trabalho financiado pela Cancer Research UK, instituição sem fins lucrativos baseada no Reino Unido e dedicada à pesquisa do câncer, diz: "Os sintomas de câncer que estamos procurando são muito comuns — mas para algumas mulheres, eles podem ser os primeiros sinais de algo mais sério".
"Usando dados de compras, nosso estudo encontrou um aumento notável nas compras de medicamentos para dor e indigestão entre mulheres com câncer de ovário, até oito meses antes do diagnóstico, em comparação com mulheres sem câncer de ovário.
"Isso indica que, muito antes de as mulheres reconhecerem seus sintomas como alarmantes o suficiente para ir ao médico, elas podem tratá-los em casa".
Os pesquisadores trabalharam com dois grandes varejistas e 283 clientes do sexo feminino, que concordaram em compartilhar seus dados de compras ao longo de seis anos. Mais da metade foi diagnosticada com câncer de ovário.
Mais pesquisas são necessárias para confirmar as descobertas. A equipe agora planeja testar se os dados de compras também podem ajudar a detectar outros tipos de câncer — como câncer de estômago, fígado e bexiga.
O estudo foi publicado na revista científica JMIR Public Health and Surveillance.