Uma importante autoridade de saúde dos Estados Unidos alertou que o país está enfrentando uma epidemia de solidão que é tão perigosa para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia.
O cirurgião-geral Vivek Murthy disse à BBC News que ele é um de milhões de americanos que experimentaram uma "profunda sensação de solidão".
As autoridades de saúde dos EUA estão pedindo que o isolamento social seja tratado tão seriamente quanto a obesidade ou o abuso de drogas.
Estima-se que quase 50% de todos os americanos tenham sido afetados.
Murthy disse em uma entrevista que suas próprias batalhas contra a solidão ocorreram durante e logo após o término de sua primeira passagem como cirurgião, em abril de 2017.
"Eu negligenciei minha família e meus amigos durante esse tempo, pensando que era muito difícil me concentrar no trabalho e me concentrar na família e nos amigos", disse ele.
"Eu estava realmente sofrendo com as consequências disso, que foi uma profunda sensação de solidão que me perseguiu por semanas, que se estenderam por meses."
A solidão aumenta o risco de morte prematura em quase 30% - por problemas de saúde, incluindo diabetes, ataques cardíacos, insônia e demência.
A falta de conexão social também está ligada ao menor desempenho acadêmico e pior desempenho no trabalho, de acordo com um novo comunicado.
Murthy disse que a solidão é um "profundo desafio de saúde pública" sobre o qual "devemos falar" e abordar.
"Pode surpreender as pessoas saber que o aumento do risco de morte prematura associado à conexão social está no mesmo nível dos riscos que vemos no tabagismo diário e maior do que o risco associado à obesidade", disse ele.
A questão foi agravada pela pandemia de covid-19, que levou muitas pessoas a reduzir o tamanho de seus círculos sociais.
Um estudo citado no relatório constatou uma redução média de 16% no tamanho da rede social dos participantes de junho de 2019 a junho de 2020.
Para resolver isso, Murthy pediu um esforço coletivo para "recuperar o tecido social da nossa nação", a fim de "desestigmatizar a solidão e mudar nossa resposta cultural e política a ela".
A estratégia dele tem seis pilares, que incluem esforços para fortalecer a infraestrutura social nas comunidades. Em parte, por meio da utilização de sistemas de saúde pública.
A recomendação é de que haja mais “políticas públicas pró-conexão” que sejam desenvolvidas com a ajuda de uma agenda de pesquisa para ajudar a suprir as lacunas nos dados sobre os efeitos do isolamento social.
Também destaca a necessidade de mais transparência de dados de empresas de tecnologia e uma reforma dos ambientes digitais.