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Fogões a gás realmente são um perigo para a saúde?

Estudo recente mostra que, além de contribuir para o efeito estufa, o combustível fóssil traz sérios riscos para a saúde
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Amanda Omura

Como em outros países europeus, fogões a gás e elétricos ainda competem nas cozinhas da Alemanha. Quem cozinha com gás sabe das vantagens: fogo direto, temperatura e chama reguláveis com flexibilidade, sem necessidade de panelas especiais, como nos fogões de indução. Além disso, o gás é mais econômico do que eletricidade. Eles são especialmente apreciados nas cozinhas de restaurantes.

No entanto essa tecnologia mais antiga é frequente objeto de controvérsia. Em Nova York, fogões a gás devem ficar proibidos na maioria dos prédios novos, a partir de 2026. Em primeira linha, trata-se de reduzir as emissões de gases derivados de petróleo e causadores do efeito estufa. Porém, segundo pesquisadores da Universidade de Stanford, Estados Unidos, eles também acarretam riscos de saúde.

A maior fonte de preocupação é o dióxido de nitrogênio (NO2), produzido em grande quantidade durante processos de incineração, por exemplo em fábricas, usinas, aparelhos de calefação e, acima de tudo, no trânsito. E no processo de cozimento, seus efeitos nocivos não se restringem à cozinha.

O professor Robert B. Jackson, da Escola de Sustentabilidade Stanford Doerr, um dos principais autores do estudo publicado na revista online Science Advances, explica que "dentro de uma hora após a utilização do fogão a gás, as concentrações tóxicas no quarto de dormir ultrapassam as taxas de referência para a saúde, e continuam muito altas ainda horas depois de se ter desligado o fogão". Portanto esse tipo de poluição não seria apenas um problema para os cozinheiros, mas "para toda a família".

Perigos do dióxido de nitrogênio
O dióxido de nitrogênio é um gás irritante corrosivo, que ataca as mucosas de todo o trato respiratório, sobretudo dos brônquios e alvéolos pulmonares, resultando em dificuldade de respirar, tosse e bronquite, além de uma maior propensão a infecções respiratórias e redução da capacidade pulmonar.

Contam como grupos de risco, sobretudo os portadores de doenças respiratórias como asma ou bronquite crônica, assim como pacientes cardíacos e crianças, cujo desenvolvimento pulmonar pode ficar comprometido. Os autores de Stanford calculam que o coquetel tóxico emitido pelos fogões a gás é responsável por até 200 mil casos atuais de asma infantil nos Estados Unidos, um quinto dos quais atribuíveis especificamente ao NO2.

Eles calculam que 19 mil mortes por ano são consequência da exposição permanente ao dióxido de nitrogênio em casa. Isso equivale a 40% dos casos de morte por fumo passivo no país. Ao mesmo tempo, ressalvam tratar-se de apenas uma estimativa, por não considerar uma exposição repetida a taxas extremamente altas de NO2, por períodos breves, como ocorre nas casas com fogões a gás.

Além disso, o cálculo se basearia em estudos anteriores sobre os efeitos nocivos do gás ao ar livre, onde também estão presentes outros agentes tóxicos emitidos por carros e usinas, frisam os pesquisadores.

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