Você está em:

O que explica aumento de mortalidade por infarto entre mulheres jovens

SBC chama a atenção para todas as falhas na cadeia de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do ataque cardíaco
Picture of Amanda Omura

Amanda Omura

A mortalidade por infarto entre mulheres jovens no Brasil está em crescimento — e menos da metade delas recebe o tratamento adequado para prevenir ou tratar esse problema.

Esses são dois dos principais alertas de um recente posicionamento sobre a saúde do coração feminino lançado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Na cardiologia, as diferenças entre homens e mulheres "vão além das questões cromossômicas" e envolvem "os valores sociais, as percepções e os comportamentos", que "moldam padrões e criam diferentes papeis na sociedade", aponta o documento.

Mulheres mais jovens sob risco
O infarto geralmente acontece quando há o entupimento das artérias coronárias, os vasos que levam sangue rico em oxigênio e nutrientes para o coração funcionar direito.

Essa crise cardíaca aguda — e potencialmente mortal — costuma ser o estopim de uma série de elementos que se acumulam por anos ou décadas, como doenças crônicas (obesidade, hipertensão, colesterol alto, diabetes…), comportamentos e mudanças de estilo de vida (consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, sono de má qualidade…) ou características individuais (idade, sexo, histórico familiar…).

Tradicionalmente, o ataque cardíaco sempre foi vinculado à figura do homem com mais de 45 ou 50 anos que carrega um ou mais fatores de risco da lista detalhada no parágrafo anterior. E, segundo essa linha de raciocínio, o risco para as mulheres só aumentava no pós-menopausa — quando elas perdem a proteção cardiovascular conferida por alguns hormônios, como o estrogênio e a progesterona.

A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares agudas subiu 7,6% entre mulheres de 15 a 49 anos entre 1990 e 2019.

Nos outros grupos (mulheres mais velhas e homens de todas as idades), essas taxas estão em queda ou sofreram um crescimento menor em comparação às brasileiras pré-menopausa.
"Ainda não temos evidências suficientes para explicar definitivamente e em detalhes porque isso está acontecendo e o que está por trás dessa letalidade maior nesse grupo", admite o cardiologista Antonio Mansur, diretor do Serviço de Prevenção, Cardiopatia na Mulher e Reabilitação Cardiovascular do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.

Fatores de risco menos óbvios
Para começar, o posicionamento destaca que "as mulheres apresentam com maior frequência fatores de risco cardiovascular não tradicionais, como estresse mental e depressão, e sofrem as consequências das desvantagens sociais devido à raça, etnicidade e renda".

Ou seja: além daqueles gatilhos clássicos do infarto (pressão alta, diabetes, sedentarismo, excesso de peso…), o público feminino ainda é mais afetado por problemas relacionados à saúde mental.

As questões psicológicas, por sua vez, vão representar um fardo a mais para um coração que já está sobrecarregado.

Posts Relacionados

Sociedade Internacional de Menopausa defende os benefícios da reposição hormonal

Sociedade Internacional de Menopausa defende os benefícios da reposição hormonal

Com acompanhamento médico, até mulheres acima dos 65 anos poderiam ter uma melhora em sua qualidade de vida

Casos de mpox passam de 100 mil em todo o mundo, diz OMS

Casos de mpox passam de 100 mil em todo o mundo, diz OMS

Novo relatório divulgado pela OMS mostra que desde 1º de janeiro de 2022 foram registrados 103.048 casos da doença

Mulheres com endometriose têm 20% mais risco de infarto ou AVC, aponta pesquisa

Mulheres com endometriose têm 20% mais risco de infarto ou AVC, aponta pesquisa

Trabalho apresentado em congresso de cardiologia revela que doença pode lesar o coração e os vasos sanguíneos

Estudo aponta picos de envelhecimento aos 44 e aos 60 anos

Estudo aponta picos de envelhecimento aos 44 e aos 60 anos

Uma pesquisa recente indica que o corpo humano passa por dois picos de mudanças moleculares – ligadas ao envelhecimento

Uma xícara de café pode ser boa para você

Pesquisas mostram que a ingestão moderada de café pode ser boa para o cérebro e ajudar a prevenir doenças mentais

‘Slow living’: por que ‘não fazer nada’ é bom para a saúde

‘Slow living’: por que ‘não fazer nada’ é bom para a saúde

O ritmo de vida mais lento será a resposta ao estresse ou apenas mais um estilo de vida inatingível?

Existe uma hora ‘boa’ indicada para consumir açúcar?

Existe uma hora ‘boa’ indicada para consumir açúcar?

Depois de uma refeição equilibrada, a ingestão tende a ser menos prejudicial, de acordo com especialistas

Protetor solar faz mal? Vídeos nas redes sociais acusam produto de causar câncer

Protetor solar faz mal? Vídeos nas redes sociais acusam produto de causar câncer

Levantamento calcula que menos de 20% dos vídeos publicados em rede social são feitos por profissionais de saúde

pt_BRPortuguese