Homens que decidem virar pais depois dos 35 anos correm um risco maior de ter filhos prematuros ou com autismo, revelam as pesquisas.
Além disso, a cada ano que passa, os espermatozoides sofrem baixas significativas na quantidade e na qualidade — o que pode dificultar as tentativas de gerar um descendente.
Essas informações são particularmente importantes num cenário em que os planos de ter um bebê são postergados para cada vez mais tarde, por causa dos projetos profissionais e educacionais.
E isso ocorre num contexto em que apenas os riscos da maternidade tardia são bem mais conhecidos entre a população. De forma geral, as mulheres sabem da dificuldade aumentada da gestação após os 35 ou os 40 anos.
Um fenômeno cada vez mais frequente
A médica Karla Giusti Zacharias, que é especialista em reprodução humana e integra o corpo clínico da Rede D'Or - Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo, relata que recebe com frequência no consultório homens mais velhos que desejam ter um filho.
"Vejo pacientes de 50 ou 60 anos que estão num segundo casamento com uma esposa mais jovem, que deseja engravidar", observa.
A dúvida que eles trazem aos profissionais da saúde é justamente aquela que aparece no título desta reportagem: quais os riscos de ser pai mais velho?
O que dizem os estudos
Uma investigação feita em 2018 na Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 40 milhões de partos e descobriu que, de forma geral, quanto mais velho é o pai, maior o risco para a criança.
Homens que têm filhos após os 35 anos correm um risco relativamente mais alto de que o bebê nasça com baixo peso, tenha convulsões ou precise de ventilação mecânica para respirar logo após o parto.
Indivíduos com mais de 45 anos apresentam uma probabilidade 14% maior de que a criança seja prematura (quando ela vem ao mundo antes de 37 semanas de gestação). Naqueles que já passaram dos 50, há um risco 28% mais elevado de o recém nascido precisar ficar um tempo numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
Como ficar mais protegido
Canalini ressalta que não existe uma receita de bolo para driblar os possíveis perigos da paternidade tardia.
"A biologia do aparelho reprodutor masculino é muito individualizada e cada homem precisa passar por um atendimento para a gente entender o que está acontecendo e o que pode ser feito", diz.
Uma consulta dessas envolve o clínico geral ou o urologista, médico especialista nas vias urinárias e nos órgãos sexuais e reprodutivos do homem.