Um procedimento é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar pacientes que nasceram com os pés tortos.
"O pé torto congênito é uma deformidade que a gente enxerga ao nascimento, em recém nascidos, no qual o pé tem múltiplas deformidades. É um pé que ele é pra dentro, pra baixo, que tem o arco do pé mais exacerbado. Tem uma deformidade complexa, porque acomete recém-nascidos. Alguns estudos mostram que cerca de 1% da população tem os pés tortos ao nascimento", relata Davi Haje, médico ortopedista e traumatologista.
O que é
O pé torto congênito se caracteriza como uma má formação congênita que se desenvolve no período da gestação. Portanto, se as mães ou pais notarem que o bebê nasceu com os pés virados para dentro, pode se tratar de um caso de pé torto congênito.
O problema acomete todos os tecidos ósseos e musculares abaixo do joelho, criando assim, uma deformidade em um ou nos dois pés. Segundo a Revista Brasileira de Ortopedia (RBO), a condição afeta aproximadamente um bebê em cada 1.000 nascidos vivos. Além disso, é mais comum em meninos do que em meninas.
O procedimento
O método Haje, foi criado pelo médico Sydney Haje e consiste em tratar as deformidades toráxicas com órteses, sem cirurgia. O filho dele, Davi Haje, adaptou a técnica em conjunto com um método utilizado em recém-nascidos para tratar o pé torto congênito em adultos, o chamado método Ponseti.
O método de Ponseti envolve usar o gesso seriado, uma pequena cirurgia no tendão de aquiles e o uso de uma órtese ao final do tratamento.
"A primeira publicação de um paciente adulto na literatura médica foi feita por mim, em 2020, que foi o caso da Daiana", completa Davi Haje.
"Quando eu cheguei, e como eu era o primeiro caso, ele falou assim 'talvez, pudesse não dar certo'. Ele sempre dava aquele se. No meu caso, eu sentia medo de fazer e não dar certo, mas foi provado o contrário, né", relata Daiana Nascimento.
"Ela foi um marco, a gente conseguiu ver que era possível e ela disseminou essa possibilidade a outros pacientes", destaca o médico.
Davi Haje ressalta que já tratou 25 pacientes, e um total de 36 pés - e com o método de Ponseti. E que desse total de pés, 30% precisou fazer uma cirurgia óssea ao final do método.
"Quando você faz uma cirurgia óssea após o método de Ponseti, é uma cirurgia muito menor e com muito menos riscos do que se eu fosse fazer uma cirurgia sem o método de Ponseti previamente", completa o médico.