Setenta e duas pílulas do dia seguinte em três meses. Pílula do dia seguinte tomada todos os dias como anticoncepcional convencional. Essas são algumas das histórias compartilhadas por jovens nas redes sociais em vídeos que somam milhões de visualizações. Verídicas ou não, essas postagens acendem um alerta por conta da desinformação. Médicos ressaltam que usar a pílula do dia seguinte dessa forma não é seguro para prevenir gravidez nem tampouco para a saúde da mulher.
A pílula do dia seguinte é uma dose de progesterona – um hormônio feminino – para ser utilizada como contraceptivo de emergência quando o método convencional (camisinha, anticoncepcional, injeção) falhar.
Nas histórias viralizadas, as jovens relatam complicações como AVC (acidente vascular cerebral, quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem) e hemorragia pelo uso da pílula do dia seguinte de forma recorrente.
Os médicos, porém, alertam que, desde que tomada na quantidade indicada, NÃO há qualquer evidência de que a medicação possa causar essas complicações.
Falta de informação e medo dos pais
Segundo ginecologistas, o uso da medicação de emergência é comum entre adolescentes por dois motivos basicamente:
falta de informação sobre métodos contraceptivos adequados;
receio de tomar anticoncepcional contínuo e os pais descobrirem que mantêm relações sexuais.
No entanto, as adolescentes não precisam de acompanhamento dos responsáveis para ter acesso a contraceptivos, incluindo o DIU.
"Essas meninas se colocam nessa situação por falta de orientação, por medo de pai e mãe, mas, a partir dos 14 anos, não precisa de acompanhante para a consulta de aconselhamento contraceptivo. Ninguém precisa saber. E a proteção delas é a prioridade, não importa o que o namorado diz." — Mariane Nadai, ginecologista e membro da comissão anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia)
Pílula do dia seguinte previne gravidez?
A pílula do dia seguinte surgiu no Brasil em 1999 para impedir a gravidez em casos específicos, como com o rompimento do preservativo na hora da relação, se a mulher esqueceu de tomar o anticoncepcional ou em casos de violência sexual. Ou seja, funciona, mas como emergência porque há variáveis.
Como é a ação da pílula: o remédio tem uma dose de progesterona que age no corpo atrasando a ovulação em até 48 horas para impedir que o espermatozoide encontre o óvulo e a mulher engravide.
Atenção: A pílula não funciona caso a mulher já tenha ovulado e é importante ressaltar que ela não tem efeito abortivo.