Há mais de 40 anos, a fórmula simples para estabelecer o IMC, que consiste em dividir o peso do paciente (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros), ajuda médicos, corretores de seguros e até instrutores de academia a classificar pessoas em um dos quatro campos: abaixo do peso, normal, acima do peso e obeso.
Mas apesar da simplicidade e praticidade do IMC como ferramenta de medição, um número crescente de especialistas questiona o valor do índice como ferramenta de diagnóstico.
"Você não pode interpretar nada sobre a saúde de alguém apenas olhando para o seu IMC", diz Kendrin Sonneville, professor de Ciências Nutricionais da Universidade de Michigan, à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Mas o IMC funciona ou não?
"O IMC não foi projetado para ser aplicado em nível individual", disse Kendrin Sonneville, professor de ciências nutricionais da Universidade de Michigan (EUA), à BBC News Mundo.
"É uma medida projetada para caracterizar populações, como em média, qual é o tamanho corporal de uma determinada população e o quanto isso mudou ao longo do tempo."
E há uma grande variedade de fatores que afetam o peso e a saúde de uma pessoa.
"As pessoas se sentem muito mal se lhes dizem que seu IMC é muito alto, ou as pessoas supõem que são saudáveis se seu IMC for normal", diz Rekha Kumar.
"E nada disso é necessariamente verdade. O IMC é apenas uma ferramenta para chamar a atenção para o que pode ser um problema de saúde, mas não é uma boa ferramenta usada isoladamente para se fazer suposições sobre a saúde de alguém."
A nutricionista neozelandesa Lucy Carey disse à BBC News Mundo que o IMC "não fornece nenhum tipo de informação que possa ser usada para determinar o estado de saúde de um indivíduo".
"Talvez seja útil no nível de população, para identificar tendências ao longo do tempo."
O lado obscuro do IMC
"Um pai estava me contando sobre sua experiência com uma enfermeira", disse a nutricionista Carey.
"A enfermeira disse a ele que seu filho de 4 anos estava muito pesado para sua altura. Este menino de 4 anos começou a parar de comer, dizendo que estava 'muito gordo'."
Carey encontra esses tipos de casos o tempo todo, e é por isso que ela escreveu uma coluna para o New Zealand Medical Journal sobre os riscos de usar o IMC para determinar se uma criança tem ou não um peso saudável.
Mas os efeitos não se reduzem apenas a problemas de imagem, argumenta Carey. Há também o risco de afetar outros hábitos da vida.