Em fevereiro de 2023, surgiu a notícia de que o CEO (diretor-executivo) da empresa de software Salesforce, Marc Benioff, fez um "detox digital": 10 dias livres de tecnologia em um resort na Polinésia Francesa.
Para um pequeno grupo de pessoas, afastar-se dos seus aparelhos é um sonho alcançável. Mas, para a maioria, é uma impossibilidade, ainda mais atualmente.
Um detox digital em 2023… por onde começar?
A menos que nos refugiemos na vida selvagem, em um lugar remoto, por alguns dias sem celular, os especialistas afirmam que o detox digital não é mais viável para a maioria das pessoas.
"A tecnologia, agora, é parte de nós. Nós fazemos serviços bancários com o aplicativo, lemos menus de restaurantes no celular e até suamos com instrutores de exercícios através da tela", afirma a consultora Emily Cherkin, de Seattle, nos Estados Unidos. Ela é especializada em gestão de tempo nas telas.
"Ela está tão incorporada às nossas vidas que estamos condenados ao fracasso, se dissermos que iremos ficar sem celular por uma semana", afirma Cherkin.
À medida que as pessoas ficam cada vez mais dependentes da tecnologia, o detox digital não parece mais um objetivo razoável. Mas talvez exista uma solução mais realista, que reduza nossa obsessão tecnológica, sem forçar a desconexão total.
Telas, telas e mais telas
Por mais tempo que as pessoas já passassem nos seus aparelhos antes da covid-19, a pandemia intensificou ainda mais o nosso tempo em frente às telas.
As pessoas usaram mais os seus aparelhos durante os lockdowns, especialmente em substituição a outras formas de conexão. Mas esses hábitos não terminaram, mesmo agora que temos alguma liberdade para sair de casa e nos socializar.
Um estudo de 2022, realizado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, demonstrou que 54% dos adultos britânicos usam telas com mais frequência do que faziam antes da pandemia.
Mudança de perspectiva
A mudança combinada para o trabalho e relacionamentos híbridos deixou a ideia tradicional de detox digital não só desatualizada, mas quase impossível.
O detox digital é promovido como uma panaceia de liberação da ansiedade, que irá afastar as pessoas das telas que as distraem e reconectá-las ao momento presente. Mas, com a vida e as telas das pessoas cada vez mais indissociáveis, a ideia da desconexão pode trazer mais ansiedade se não puder ser alcançada.
Em vez de eliminar totalmente a tecnologia, Joneidy pratica a consciência digital. "Eu me asseguro de que meu uso da tecnologia tem um propósito", ele conta.
A consciência digital pode ser algo mais prático para algumas pessoas, em vez de um detox total: preocupar-se menos com o corte completo da tecnologia e concentrar-se no seu uso mais intencional.