Nos últimos anos, as prateleiras dos supermercados reservadas aos temperos — e particularmente ao sal — ganharam uma diversidade inédita.
Além da versão refinada (o popular sal de cozinha) e do sal grosso, foram lançados novos produtos, como o sal rosa do Himalaia, o sal light e o sal hipossódico.
Em comum, todas elas prometem trazer benefícios à saúde e ser aliadas na prevenção ou no combate à hipertensão, uma doença extremamente comum que está relacionada a infarto, acidente vascular (AVC) e morte.
Mas será que essas alternativas realmente entregam aquilo que prometem? Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que, mais importante do que escolher um único tipo de sal, a chave está em saber usar o tempero com moderação — e ficar atento aos produtos industrializados que carregam muito desse ingrediente.
Em linhas gerais, o sal light ou hipossódico tem evidências de benefícios à saúde, desde que usado de forma correta.
O mesmo não pode ser dito sobre o sal rosa do Himalaia ou o sal grosso — estudos indicam que a quantidade de sódio neles é similar ao encontrado no sal de cozinha e não há mudanças na pressão arterial quando a pessoa troca o tipo convencional por esses outros.
Sal de cozinha
O médico Weimar Barroso, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), brinca que, se o sódio fosse descoberto apenas agora, provavelmente ele não seria aprovado para consumo humano.
Especulações à parte, o sal é um elemento importante para o funcionamento do nosso corpo. Ele aparece em quantidades pequenas, mas suficientes para nossa saúde, em muitos alimentos de origem vegetal e animal.
Segundo o Ministério da Saúde, o brasileiro consome uma média de 9,3 gramas de sal por dia.
Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece um limite diário de 5 gramas.
Na prática, isso significa que estamos ingerindo praticamente o dobro daquilo que é considerado aceitável pelos especialistas.
Sal light ou hipossódico
O sal hipossódico é aquele que possui uma redução de 50% no teor de sódio do produto final.
Geralmente, ele é substituído pelo potássio — e o tempero fica com metade de cloreto de sódio, metade de cloreto de potássio.
Há versões com uma diminuição menor na quantidade de sódio. Geralmente, as embalagens delas trazem palavras como "light" ou "rico em potássio".
Uma pesquisa realizada na Austrália e publicada no final de janeiro concluiu que pacientes com hipertensão podem de fato ter benefícios com esse tipo de sal.
Sal rosa e sal grosso
Um dos argumentos de quem defende o uso dessa opção é a quantidade de minerais, ferro e cobre na composição dela.
"Mas trata-se apenas de um sal e é um erro associá-lo a um consumo de micronutrientes, para os quais existem outras fontes mais adequadas", pondera Silva Santos.
Além disso, a quantidade de sódio no sal rosa do Himalaia é praticamente a mesma encontrada no sal refinado.