A revista científica "Nature", uma das mais conceituadas na área científica, afirmou nesta quarta-feira (10) que os resultados do ensaio clínico em humanos para o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer de pâncreas tiveram 'sucesso limitado' e foram 'promissores'.
O novo tratamento busca aumentar a resposta imune do paciente aos tumores. Ou seja, a vacina é um tipo de imunoterapia, assim como a maioria dos imunizantes em teste. Ela busca evitar que o câncer volte, cresça ou se espalhe.
A vacina é desenvolvida pela empresa de pesquisa alemã BioNTech, juntamente com norte-americana Genentech, e produzida com base na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) - a mesma do imunizante criado pela BioNTech e pela Pfizer para combate à Covid-19.
O tratamento aumenta as defesas naturais do corpo contra as células cancerígenas. Isso é feito através de proteínas, produzidas no corpo ou em laboratório, que treinam o sistema imunológico do paciente a identificar e destruir células causadoras da doença.
Ensaios clínicos de fase 1 mostraram que a metade dos 16 participantes do estudo, que passaram por cirurgia para remover tumor, desenvolveram células T após receberam o tratamento.
As células T podem potencialmente reconhecer células cancerígenas e impedi-las de reaparecer, disse a Nature.
Entre os oito participantes do estudo com resposta imune detectável, não houve evidência de recorrência do câncer 18 meses após a cirurgia, enquanto o tempo médio de recorrência foi de 13,4 meses entre os pacientes que não responderam ao tratamento.
Apesar dos resultados promissores, ainda há um longo caminho a ser seguido na busca por novos tratamentos contra o câncer. No caso dessa vacina, o próximo passo é desenvolver os testes clínicos de fase 2 e 3, antes que o imunizante seja submetido às agências reguladoras e, depois, ao mercado.
"Esses dados são extremamente promissores e fornecerão a estrutura para um novo ensaio clínico planejado", afirmou a revista.
O câncer de pâncreas está entre as formas mais letais de câncer. Isso porque, normalmente, o tumor cresce sem ser detectado. Quando o paciente é diagnosticado, a doença pode estar em estágio avançado, diminuindo a eficácia de tratamentos.
O estudo se concentrou no tumor chamado adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), responsável por mais de 90% dos casos de câncer pancreático. Apenas cerca de 10% dos pacientes com PDAC estão vivos dois anos após o diagnóstico.