O Brasil possui, atualmente, um estoque de fertilizantes para os próximos três meses, disse a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) nesta quinta-feira (3), em nota.
A associação ressaltou, porém, que o volume da reserva está acima da média dos anos anteriores, mas que segue atenta aos impactos da guerra sobre o setor.
O abastecimento de fertilizantes para o plantio da safra 22/23 é uma das principais preocupações dos agricultores brasileiros diante da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A Rússia é a principal origem do insumo usado nas lavouras brasileiras.
Cerca de 23% dos adubos ou fertilizantes químicos importados em 2021 vieram da Rússia, aponta o levantamento do Comex Stat, do Ministério da Economia.
"A Anda segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E a atenção justifica-se, dado que três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia".
Outro ponto de atenção é a negociação de fertilizantes nitrogenados, em especial, o nitrato de amônio, porque o agronegócio brasileiro importa um volume expressivo da Rússia.
Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual.
A associação afirmou ainda que apesar das restrições bancárias impostas pelo Ocidente à Rússia, as transações estão sendo realizadas entre as empresas privadas.
Logística
Outra preocupação da associação é a logística marítima por conta das restrições que estão inibindo o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando.
No caso específico da Bielorrússia, deve-se registrar que o setor já encontrava restrições, devido às sanções internacionais relativas ao posicionamento de seu governo, contestado pela maioria das ações. Dentre as sanções, a proibição do transporte de produtos bielorrussos, incluindo o potássio, pelo território da Lituânia impossibilita o acesso aos portos marítimos.
"A Anda reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo".